Ao lado do irmão Assis Moreira, do advogado Eugênio Pacelli e de um grupo de assessores, Ronaldinho Gaúcho chegou ao plenário da Câmara dos Deputados pela antessala e se sentou à primeira fileira. A sessão começou às 10h30 de quinta-feira (31), e Ronaldinho foi levado à cadeira dos depoentes para responder às perguntas dos parlamentares que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras. O ex-jogador da Seleção Brasileira alegou não ter sido intimado a comparecer à CPI para justificar as duas ausências anteriores. Ele compareceu de forma voluntária nesta manhã para evitar a condução coercitiva da Polícia Federal (PF).
O esportista depõe sobre as ações da 18K Ronaldinho. O grupo é investigado por suposta fraude em pirâmide financeira e marketing multinível a partir do uso de criptomoedas; segundo o relator da CPI, Ricardo Silva (PSB-SP), a 18K Ronaldinho prometia lucros diários de até 2%. No início de suas declarações, o ídolo do Atlético negou envolvimento com o grupo e afirmou que os proprietários usaram indevidamente sua imagem para negociar moedas digitais em 2019. “Diferente do que está sendo divulgado, não é verdade que sou fundador e sócio da 18K Ronaldinho. Nunca fui sócio da 18K Ronaldinho”, afirmou.
O atleta ressaltou que 18K Ronaldinho era uma linha de relógios licenciada pela 18K Watches, uma marca que contratou sua imagem. A empresa de criptomoedas, então, teria usado fotografias do jogador para negociar moedas digitais. “Utilizaram as fotos que eram da propaganda do relógio”, reforçou. “Mesmo tendo ciência que estavam usando sua imagem, o senhor se calou? O senhor não tomou nenhuma atitude”, perguntou o relator Ricardo Silva. “Vou ficar em silêncio”, respondeu Ronaldinho Gaúcho.
O irmão Assis Moreira apareceu em incontáveis respostas do esportista à CPI das Pirâmides Financeiras. Ronaldinho atribuiu ao irmão — e empresário — a obrigação de ler e assinar seus contratos empresariais. Em depoimento na última quinta-feira (24), Assis Moreira afirmou à CPI das Pirâmides que conhecia Marcelo Lara, co-fundador da 18K Ronaldinho, e indicou que ele participou de sessões de foto da 18K Watches. “Encontrei algumas vezes em dias de gravação”, afirmou Ronaldinho à CPI.
O ex-atleta declarou que Assis, quando descobriu sobre o uso indevido da imagem, decidiu romper o contrato com a 18K Watches. “Quando meu irmão percebeu que eles estavam usando minha imagem indevidamente, ele cancelou o contrato”, garantiu.