Primeiro vice-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, o vereador Juliano Lopes (Agir) comunicou o presidente da Casa, Gabriel Azevedo (sem partido) sobre a aceitação de uma denúncia por quebra de decoro parlamentar. Em um ofício enviado na tarde desta terça-feira (29), ele disse que o documento - que pode levar à cassação de Azevedo - será submetido à avaliação dos demais na sessão de Plenário da próxima sexta-feira (1º).
Conforme o Regimento Interno da Câmara de BH e a Lei Orgânica do Município, para que a denúncia prossiga, são necessários votos favoráveis de dois terços dos vereadores - ou seja, 28 dos 41 parlamentares que compõem o Legislativo municipal. Caso isso ocorra, o vereador terá prazo para se defender e pode ser afastado das funções de presidente da Câmara.
O pedido de impeachment contra Gabriel Azevedo foi aberto pela ex-presidente da Casa, a hoje deputada federal Nely Aquino (Podemos), sua antiga aliada.
O caso é mais um capítulo de uma briga política que colocou em lados opostos Gabriel Azevedo e a “família Aro”, grupo político encabeçado pelo ex-deputado federal e hoje secretário de Casa Civil do Governo de Minas, Marcelo Aro, que tem influência sobre um grupo de parlamentares no Legislativo belo-horizontino e é aliado do atual prefeito da capital, Fuad Noman (PSD), desafeto de Azevedo.
Outros dois pedidos de cassação também tramitam na Câmara Municipal. Um deles foi assinado pelo advogado Mariel Marra contra o próprio prefeito. O documento, protocolado nesta terça-feira (29), defende que Fuad Noman cometeu crime de responsabilidade de forma intencional ao conceder um subsídio a empresas de ônibus na capital mineira sem que a despesa estivesse prevista no orçamento da cidade.
Um outro pedido foi protocolado por um assessor de Gabriel Azevedo, Guilherme Barcelos, contra o ex-corregedor da Câmara, o vereador Marcos Crispim - outro integrante do grupo político de Marcelo Aro. Crispim registrou um boletim de ocorrência contra Barcelos acusando-o de ter usado a sua senha pessoal no sistema da CMBH para arquivar um outro pedido de de impeachment contra Azevedo.
O que diz Gabriel Azevedo?
O presidente da Câmara de Belo Horizonte acusou o grupo político de Nely Aquino, sua ex-aliada de vender a alma para o prefeito Fuad Noman e diz que o objetivo dos integrantes desse grupo é cassar o seu mandato.
Confira o posicionamento, na íntegra:
A cidade de Belo Horizonte sabe o que está acontecendo. O grupo político da deputada federal Nely Aquino vendeu a alma para o Prefeito Fuad Noman e já coagiu vereadores.
Diante de todos os problemas da cidade, o grande objetivo deles é cassar o vereador que denunciou a máfia do lixo muito antes do próprio TCE derrubar a licitação da prefeitura? Estão frustrados com os repetidos cortes no subsídio das empresas de ônibus? Ou é só uma chantagem pra conseguir mais cargos?
Definitivamente a razão não é pelo modo com que eu defendo minhas ideias com veemência, pois o meu estilo a deputada federal já sabia quando votou em mim para presidente celebrando efusivamente ainda quando vereadora.
Aliás, a CPI da Lagoa da Pampulha também foi articulada pela ex-vereadora Nely Aquino, que agora acha um absurdo atribuir a culpa a Josué Valadão.
O mesmo expediente de pedir minha cassação foi tentado no mandato anterior. E, da mesma forma, foi tudo articulado na prefeitura. Incomodar quem prejudica essa cidade faz parte. Não me intimido. Quem mudou não fui eu. Sigo de cabeça erguida.