O Secretário de Estado de Governo de Minas Gerais, Gustavo Valadares (PMN) disse, nesta segunda-feira (7), que as citações do governador Romeu Zema (Novo) ao Norte e ao Nordeste do país foram “distorcidas”. Durante evento na sede do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em Belo Horizonte, Valadares defendeu o aliado das críticas sofridas após o pedido de “protagonismo político” do Sul e do Sudeste ante outras regiões brasileiras.
A Itatiaia questionou Valadares sobre uma eventual relação das críticas à possível participação de Zema na eleição presidencial do próximo ano. Segundo o secretário, a hipótese “incomoda” alguns.
“Isso incomoda (uma possível candidatura de Zema ao Planalto em 2026). Incomoda aqueles que pensam de maneira diferente ideologicamente, aqueles que sabem que o governador vem sendo exitoso no trabalho de reconstrução de Minas. E incomoda os que buscam espaço, mas não conseguem, junto ao governador e à administração pública. Esses são os que trouxeram as distorções”, afirmou.
Segundo Valadares, a ideia de Zema é encampar os interesses de Minas de forma “republicana”.
“A fala do governador foi franca, aberta e transparente. Em momento algum, passou perto das acusações de xenofobia, por exemplo”, completou.
A tensão entre Zema e lideranças do Norte e do Nordeste surgiu no sábado (5), após o jornal O Estado de S. Paulo publicar entrevista com o político do Novo. Em determinado momento da conversa, Zema tratou da atuação do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud).
“Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por estado. Nós falamos, ‘não senhor’. Nós queremos (votação) proporcional à população. Por que (com) sete estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o Conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente”, defendeu.
Em outro momento, o governador recorreu a uma analogia para apontar diferenças no tratamento entre as regiões.
“Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década. Se não você vai cair naquela história, do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Daqui a pouco as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento. É preciso tratar a todos da mesma forma”.
A reação do Consórcio Nordeste
As falas de Zema motivaram uma resposta do Consórcio Nordeste, grupo formado por governadores daquela região. O líder da coalizão, João Azevêdo (PSB-PB), emitiu nota pública sobre o assunto.
“Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, (o governador de Minas) indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento”, protestou.
Gustavo Valadares, por sua vez, relatou “surpresa” com as interpretações que a fala suscitou. De acordo com o Secretário de Governo, Zema apenas fez menção às atribuições do Cosud.
“É uma ferramenta que, agora, eles têm para poder fazer um lobby, no bom sentido do termo, junto ao Congresso Nacional, para assuntos de interesse desses estados — que, até então, não tinham instrumentos para trabalhar. (Zema) usou como referência o lobby feito, durante décadas, pelos estados do Norte e do Nordeste, com seus homens públicos — parlamentares, senadores e governadores — e que sempre surtiu efeito”, minimizou.