Um dia depois de receber críticas por falas a respeito do Norte e do Nordeste, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi às redes sociais combater o que chamou de “intrigas”. Nesta segunda-feira (7), em Araxá, entre o Triângulo e o Alto Paranaíba, Zema gravou um vídeo projetando os compromissos da semana e criticou condutas que, segundo ele, apenas “atrapalham”.
“Esta semana ainda estarei em mais 11 cidades. Além disso, terei uma reunião de um dia e meio, de alinhamento, com todos os secretários. É nisso que acredito: disciplina, trabalho sério e determinação. Intriga, infelizmente, só confunde e atrapalha”, disse, vestindo uma de suas tradicionais camisas que levam, no peito, a bandeira de Minas Gerais bordada.
Zema tem sido tema de comentários após defender protagonismo das regiões Sul e Sudeste ante os estados do Norte do Nordeste. Em entrevista publicada no sábado (5) pelo jornal O Estado de S. Paulo, o governador detalhou as diretrizes do recém-formado Conselho de Integração Sul e Sudeste (Cosud).
“Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por estado. Nós falamos, ‘não senhor’. Nós queremos (votação) proporcional à população. Por que (com) sete estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o Conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente”, falou.
Em outro momento da conversa, o governador fez uma espécie de analogia. “Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década. Se não você vai cair naquela história, do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Daqui a pouco as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento. É preciso tratar a todos da mesma forma”, pontuou.
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Críticas públicas
As falas de Zema geraram reações. O senador Otto Alencar (PSD-BA), por exemplo, chamou o discurso do político do Novo de “divisionista” e “repugnante”. O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), líder do Consórcio Nordeste, foi outro a rebater o governador de Minas.
“Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, (o governador de Minas) indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento”.
Lideranças eleitas por outras regiões brasileiras, como o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também refutaram a tese de Zema.
“Não cultivamos em Minas a cultura da exclusão. JK, o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional. Fiquemos com seu exemplo. Ao valoroso povo do Norte e Nordeste, dedico meu apreço e respeito. Somos um só país”, escreveu, na rede social “X”, anteriormente chamada de Twitter.
Depois do vídeo, Caio Fernando Abreu
Zema publicou o vídeo sobre a “intriga” nos stories do Instagram. A ferramenta permite que publicações sumam após 24 horas no ar. Imediatamente após a gravação, o governador postou, na plataforma, uma frase atribuída ao escritor Caio Fernando Abreu.
“Se algumas pessoas se afastarem de você, não fique triste. Isso é resposta da oração ‘livrai-me de todo o mal, amém”, lê-se na publicação.
Nesse domingo (6), Zema havia recorrido a uma pensata do economista austríaco Friedrich Hayek. “O socialismo, nunca e em lugar nenhum, foi a princípio um movimento da classe trabalhadora”.