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Deputados comem melancia na CPI do MST para atacar ex-ministro e general Gonçalves Dias; saiba o que significa

Deputados Éder Mauro (PL-PA) e Messias Donato (Republicanos-ES) comeram pedaços de melancia durante o depoimento do ex-ministro Gonçalves Dias na CPI do MST

Deputados comeram melancia durante depoimento do ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias, na CPI do MST

Os deputados Éder Mauro (PL-PA) e Messias Donato (Republicanos-ES) comeram dois pedaços de melancia durante o depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias, nesta terça-feira (1º), na CPI que investiga as invasões do MST nos três primeiros meses do governo Lula (PT). O ato foi um ataque indireto ao general em referência a uma expressão popular entre membros da direita para classificar servidores do Exército taxados como partidários da esquerda — à linguagem corriqueira: ‘verde por fora e vermelho por dentro’.

Imagens da TV Câmara registraram quando os deputados comiam os pedaços de melancia. Vice-líder da maioria na CPI do MST, Gleisi Hoffmann (PT-SP) criticou os colegas parlamentares e indicou que a prática era um ataque direto ao general. “Os dois mostrando melancia para desrespeitar o general”, disparou a deputada ao solicitar uma questão de ordem. A petista chegou a dizer que o ex-ministro do GSI era alvo de assédio da oposição durante o depoimento.

Bate-boca, golpe de 1964 e ‘cola’ na prova

O depoimento do ex-ministro começou com bate-boca entre parlamentares da Câmara dos Deputados. As reações efusivas e discussões entre os políticos se iniciaram logo após a primeira pergunta feita pelo relator e ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (PL-SP), que perguntou se Gonçalves Dias concordava ou não com as ações do Exército Militar no Golpe de 1964. O questionamento foi feito pelo menos três vezes — com duas respostas do ex-ministro do GSI e incontáveis interrupções e questões de ordem.

“O episódio de 1964 foi algo positivo ou negativo para a história do país?”, perguntou. “Eu não parei para raciocinar em cima disso. O que me impulsionou a seguir no Exército foi minha vocação para ser soldado e uma necessidade financeira da minha família. Entrar no Exército nessa situação [golpe de 1964], se foi bom ou não... Eu não gostaria de entrar nessa seara”, disparou o ex-ministro Gonçalves Dias. Logo em seguida, o general reiterou que não gostaria de se posicionar e usou o direito ao silêncio garantido por habeas corpus.

Ricardo Salles bateu-boca com deputados que seguiam a sessão e o criticaram depois que ele valorizou o golpe militar de 1964. A principal acusação dos deputados contra o relator dizia respeito ao fato de que a pergunta feita não está no escopo da CPI que investiga as invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nos três primeiros meses do governo Lula (PT).

A confusão não acabou após as perguntas repetidas do relator Ricardo Salles. Logo em seguida, o parlamentar eleito pelo PL de São Paulo declarou que o ex-ministro ‘colou’ na prova final da academia militar. Neste instante, o advogado de Gonçalves Dias interrompeu a audiência e afirmou que o general se reservaria ao direito de permanecer em silêncio.

Por que Gonçalves Dias é ouvido na CPI do MST?

Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias será ouvido nesta terça-feira (1º) sobre as invasões registradas durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos três primeiros meses deste ano. À época, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estava sob o guarda-chuva do GSI para monitorar riscos de invasões em áreas públicas; desde abril, entretanto, a agência integra a Casa Civil do Palácio do Planalto.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.