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‘Nunca vi vereador ser contra moradia popular’, diz Fuad sobre críticas a plano para Aeroporto Carlos Prates

Prefeitura de BH quer construir novo bairro no local, mas grupo de parlamentares apresentou projeto para impedir moradias na área; ideia é retomar pousos e decolagens

Fuad Noman visitou obras no Bairro Castelo, na Pampulha

O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), criticou, nesta quarta-feira (19), a tentativa de um grupo de vereadores da cidade de barrar a construção de um novo bairro na área do Aeroporto Carlos Prates. O terminal foi formalmente desativado em abril e o poder Executivo municipal defende utilizar a área para construção de casas. Nesta terça-feira (18), porém, a Câmara Municipal recebeu projeto de lei (PL) que tenta retomar o funcionamento do aeroporto.

“Nunca vi vereador ser contra moradia popular. É a primeira vez que vejo um vereador ser contra moradias populares. Temos um imenso déficit habitacional, para (a população de) baixa renda em Belo Horizonte. Estamos propondo criar ali mais de 3 mil moradias populares. O objetivo é esse”, disse Fuad, à Itatiaia, após vistoriar obras viárias no Bairro Castelo, na Região da Pampulha.

A articulação em prol da reabertura do aeroporto é liderada pelo vereador Braulio Lara, do Novo. Outros 12 vereadores assinam o projeto proposto por ele.

O novo bairro pensado pela Prefeitura de BH prevê a construção de empreendimentos como um parque público e um centro cultural. A ideia é ter, ao todo, 4,5 mil unidades — 70% delas destinadas a moradias. O restante deve ser ocupado por comércios.

“Ali não tem uma área de lazer. Precisamos criar uma área de lazer, parques e uma área esportiva. Precisamos criar equipamentos públicos, como Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), escolas e centro cultural. Nunca vi ser contra isso. É a primeira vez”, protestou o prefeito.

‘Aeroporto não é problema de BH’

O terreno do Aeroporto Carlos Prates pertence à União. Apesar do acordo em torno da cessão da área ao poder público municipal, a entrega formal do terreno ainda não aconteceu. Segundo Fuad, se o movimento liderado por Braulio Lara prosperar, a prefeitura não vai reivindicar a posse do local.

“Se o governo federal acolher a decisão da Câmara, faz o aeroporto e abre (um terminal aéreo). É problema dele. Se não acolher, continuamos (com os planos). Ali ou vai ser um aeroporto federal, por decisão do governo federal, ou um novo bairro, que a prefeitura vai fazer”, garantiu.

Desde junho, a pista do Carlos Prates tem marcações que sinalizam, a pilotos, a indisponibilidade do espaço para pousos.

“Aeroporto não é um problema de Belo Horizonte. Belo Horizonte não tem aeroporto, não é dona de aeroporto, não abre aeroporto e não fecha aeroporto. Belo Horizonte constrói casas populares, parques e equipamentos públicos. É o que queremos fazer”, reforçou Fuad.

Entenda o projeto dos vereadores

O texto entregue por Braulio Lara à Mesa Diretora da Câmara propõe que o terreno do antigo terminal aéreo, famoso por abrigar escolas de pilotagem, tenha o zoneamento alterado. Assim, apenas atividades voltadas ao desenvolvimento econômico seriam permitidas no local. O movimento serviria para viabilizar o retorno dos pousos e decolagens.

“Já existem centenas de imóveis prontos no centro da cidade que poderiam ser reformados e transformados em unidades habitacionais. Além disso, foram feitas inúmeras promessas para as áreas do Isidoro e Granja Werneck, e nada avançou. Agora o prefeito quer usar o mesmo discurso populista de moradia popular ao custo de um aeroporto pronto em área privilegiada da capital”, afirmou o vereador do Novo, nessa terça-feira.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.