Acordo de Paris, ‘prateleira de terras’ e reaproximação com o agronegócio: os principais pontos do discurso de Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não poupou críticas à União Europeia durante o lançamento do Plano Safra nesta terça-feira (27), no Palácio do Planalto, em Brasília. O chefe do Executivo também citou a Guerra na Ucrânia, criticou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pediu a aproximação do agronegócio brasileiro.

O novo programa de financiamento de crédito para médios e grandes produtores rurais, aliás, é a principal estratégia do petista para atrair a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Lula insistiu que as ações do governo não são pautadas por ideologias. “Se enganam aqueles que pensam que o governo age ideologicamente. A cabeça de um governo responsável não age assim”, declarou.

O desejo de manter uma relação afinada com produtores rurais apareceu também na fala do ministro Carlos Fávaro. “O Plano Safra é o maior da história. Esse é mais um passo para a reaproximação”, ponderou. A nova edição do programa terá R$364,22 bilhões para crédito destinado aos médios e grandes agropecuaristas do país. É o maior valor já investido desde o início do Safra, em 2003.

“Nenhum país chega aos pés do Brasil em relação à sustentabilidade”, diz Lula

Lula disparou críticas às metas climáticas exigidas pela União Europeia para permitir a criação do acordo que determinará melhores relações comerciais com o Mercosul. “Eles acham que o Brasil pode não cumprir as metas do Acordo de Paris. E quem cumpre? Qual deles cumpriu?”, questionou. “Nenhum país chega aos pés do Brasil em relação à sustentabilidade”, completou o presidente brasileiro.

“Prateleira de terras”

O presidente Lula tornou a usar o termo “prateleira de terras” durante a cerimônia desta terça-feira (27). Horas antes, em live nas redes sociais, ele afirmou que o governo criaria uma “prateleira de terras improdutivas” para evitar que aconteçam invasões em áreas rurais. Segundo Lula, a nova política criaria uma lista de terras classificadas como improdutivas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e seriam disponibilizadas para políticas de assentamento.

“Nós não precisamos ter invasões de terras. O governo brasileiro pode levantar quais são as terras improdutivas e colocá-las em uma prateleira de terras. E essas terras estariam disponíveis para quem quiser plantar. Não precisa invadir. O governo pode ter uma prateleira para oferecer as terras às pessoas”, repetiu.