Glauber Braga e Eduardo Bolsonaro batem boca na Câmara: ‘já devolveu os colares?’

Filho do presidente rebateu e citou suposta ligação de ministra de Lula com milícias

Discussão ocorreu na Comissão de Relações Exteriores

Os deputados federais Glauber Braga (PSOL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) bateram boca durante reunião da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (31).

O tema da discussão era a visita do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ao Brasil. “Para agradar a extrema-direita brasileira, porque eles evidentemente não se agradaram, só se Maduro tivesse chegado ao aeroporto com um carregamento de joias. Aí eles iam adorar, porque adoram sentar no colo do príncipe saudita”, disse Glauber Braga.

Ele fez referência aos pacotes de joias enviadas pela Arábia Saudita ao governo Bolsonaro e que aliados do ex-presidente tentaram liberar na Receita Federal. “Já devolveu todos os colares?”, continuou Glauber após ser interrompido por Eduardo Bolsonaro.

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O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro rebateu e questionou se a mãe de Glauber Braga devolveu o que teria roubado quando era prefeita de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Trata-se de uma notícia falsa, já que Maria Braga foi absolvida da acusação de corrupção.

“Minha mãe hoje não está mais na disputa política porque ela tem Alzheimer avançado. Com a cretinice que lhe é peculiar, fez questão de citá-la. Eu queria dizer ao deputado Eduardo Bolsonaro que lave a boca para falar de quem não pode estar no palco político para realizar a sua defesa”, respondeu Glauber Braga.

Os dois continuaram discutindo fora dos microfones da TV Câmara. Glauber Braga também afirmou que a família Bolsonaro é ligada a milícias no Rio de Janeiro. “Pergunta para a ministra do Turismo do Lula”, respondeu Eduardo Bolsonaro.

A ministra Daniela Carneiro (União-RJ), conhecida como Daniela do Waguinho - o marido dela é prefeito de Belford Roxo - teria relações políticas com milicianos conhecidos do Rio de Janeiro, segundo reportagens do jornal Folha de São Paulo publicadas em janeiro.

Entenda o caso

Investigações da Polícia Federal apontam que ao menos três estojos com joias vindas da Arábia Saudita teriam como destinatário o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família. Dois deles foram incorporados ao patrimônio pessoal do candidato derrotado nas urnas em outubro de 2022 - e devolvidos ao patrimônio da União.

O caso das joias por revelado pelo jornal Estado de S. Paulo em fevereiro. Na ocasião, uma reportagem revelou que um estojo com joias avaliadas em R$ 16,5 milhões - e que seriam destinadas à primeira-dama, Michelle Bolsonaro - foi apreendido por servidores da Receita Federal. O caso aconteceu em 2021, quando um assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentou entrar no país com o kit escondido em uma mochila.

Joias devolvidas

As joias ficaram retidas na Receita Federal, já que não foram declaradas ou incorporadas ao patrimônio da Presidência da República. No entanto, após a apreensão foram feitas ao menos oito tentativas para que as joias fossem liberadas. A última delas, no dia 28 de dezembro, quando um militar teria sido designado pelo tenente-coronel Mauro Cid para ir até o Aeroporto de Guarulhos para tentar a liberação.

Um segundo estojo com joias, entre elas um relógio, um par de abotoaduras, uma caneta, um anel e um masbaha (uma espécie de rosário islâmico) teria sido entregue a Bolsonaro em mãos pela comitiva do ministro Bento Albuquerque. Os itens seriam avaliados em cerca de R$ 400 mil e foram devolvidos pelos advogados de Bolsonaro após decisão do Tribunal de Contas da União (TCU).

O Tribunal também determinou a devolução de um terceiro estojo de joias, que foram entregues a Bolsonaro em 2019, durante uma visita a Riad, capital da Arábia Saudita e a Doha, no Catar. O presente incluía um relógio Rolex em ouro branco e cravejado de diamantes e seria avaliado em R$ 500 mil.

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