Quatro parlamentares de Minas Gerais foram indicados para integrar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) responsável por investigar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro que resultaram na invasão dos prédios dos Três Poderes em Brasília — Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF).
Os partidos ainda realizam as indicações dos membros da CPMI, que será composta por 16 deputados federais e 16 senadores.
Porém, a base de governo já anunciou os deputados federais Rogério Correia (PT-MG) e Duda Salabert (PDT-MG) como titulares da comissão.
Na oposição, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) serão suplentes. Eles participam das reuniões, mas só têm direito a voto quando os titulares dos respectivos partidos faltarem.
Cleitinho será suplente da ex-ministra da Mulher e dos Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos-DF). No PL, a tendência é que os titulares sejam Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Delegado Ramagem (PL-RJ) e André Fernandes (PL-CE).
Expectativas
Duda Salabert disse à reportagem que vai trabalhar para que a CPMI do 8 de janeiro não se transforme em um circo ou seja palco “para fake news em busca de likes nas redes sociais”. Segundo ela, o trabalho dos parlamentares precisa ser “sério e firme”.
“O atentado contra os poderes foi um grave ataque à democracia. A vitória de Lula nas urnas materializa o desejo popular pelo fortalecimento da democracia no país. Nesse sentido, a CPMI está em sintonia com os anseios do povo, uma vez que ela buscará encontrar e punir pessoas que são ameaças à democracia no Brasil”, declarou a parlamentar.
Já Cleitinho espera que a comissão seja justa e sirva para separar “o joio do trigo”, em referência a pessoas que, na visão do senador, podem estar presas injustamente. “Sempre falei que quem financiou e quem fez aquela quebradeira lá tem que pagar por isso”, afirmou ele.
“[Mas] A gente sabe que tem pessoas que relataram não estar lá no Planalto no dia 8. Estavam no QG [acampamento em frente ao Quartel-General do Exército]”, continuou.
Para o senador, a comissão também deve investigar eventual omissão dos responsáveis pela segurança de Brasília e dos prédios invadidos no dia 8 de janeiro.
Em argumento parecido, Nikolas considera que há pessoas inocentes presas por causa dos atos do dia 8 de janeiro e que elas estão pagando pelo que ele classifica como ativismo judicial e perseguição política.
“A expectativa para a CPMI do 8 de janeiro é trazer luz à escuridão e realmente esclarecer os fatos para que quem tiver que ser punido, seja punido. Tanto por ação quanto por omissão”, declarou ele.
O deputado aponta que as gravações que exibiram
“Trabalharei em cima de fatos documentados, jurídicos, através de depoimentos das pessoas que estavam presas. Acredito que o Brasil precisa ver isso. E também, obviamente, na convocação de vários atores do governo federal”, concluiu Nikolas.
“Ele incentivou que as pessoas fossem para a frente dos quartéis, disse que as urnas eletrônicas eram fraudadas e, durante todo o processo de seu governo, falou em golpes e atacou o Supremo Tribunal Federal (STF), o processo democrático, e assim por diante”, acrescentou o deputado federal.
Quando começa a CPMI?
Segundo o líder do governo Lula no Senado Federal, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a primeira reunião da CPMI de 8 de janeiro
A projeção é que o governo Lula tenha maioria e consiga controlar os rumos da CPMI. Dos 32 integrantes, de 19 a 22 devem ser governistas, ainda de acordo com a CNN Brasil.