Sindicatos e deputados que representam as forças de segurança pública em Minas Gerais começaram a agir para mobilizar a categoria com o objetivo de pressionar o governo de Romeu Zema (Novo) a conceder reajuste maior do que os 5,8% mencionados por secretários em reunião com os parlamentares nesta terça-feira (2).
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O percentual vale para todos os servidores, inclusive os da segurança, como policiais, bombeiros, agentes socioeducativos e a polícia penal. A exceção são os professores, que, por causa do piso nacional da educação, vão receber 12,84% de recomposição. O pedido dos representantes da segurança pública é que, no mínimo, o governo iguale o índice aplicado para a educação.
O governo de Minas Gerais foi procurado, mas ainda não se posicionou sobre a posição das forças de segurança.
Audiência pública
A proposta do governo Zema desagradou a segurança pública porque a categoria pede 35,4% de recomposição relativa às perdas inflacionárias a partir de 2015 e que não foram compensadas. A Itatiaia apurou que o primeiro movimento de pressão será a convocação de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nos próximos dias, o que pode eventualmente evoluir para manifestações de rua.
“O governador e seus secretários tiveram aumento de 300%. Para a educação, 12,84%. Para a segurança pública, 5,80%. Você vai aceitar isso?”, diz um sindicalista em um vídeo publicado pelo deputado estadual Sargento Rodrigues (PL) e dirigido a policiais militares e civis, bombeiros e agentes socioeducativos.
“Nós, sindicatos, associações e deputados da segurança pública não vamos aceitar isso”, responde Rodrigues no vídeo, que se encerra com um coro conclamando a categoria: “Venham para a luta”.
A proposta do governo ocorre no momento em que está na mesa de Zema para sanção o reajuste de 298% no salário dele, de 267% no salário do vice-governador, Mateus Simões (Novo) e de 247% para o salário dos secretários. Esses percentuais são relativos aos valores dos salários a partir de 2025. Até lá, os vencimentos serão reajustados ano a ano de forma escalonada.
Histórico de manifestações
Parte do percentual de 35,4% cobrado pelas forças de segurança diz respeito ao primeiro mandato de Zema. Em 2020, o governador irritou as forças de segurança ao conceder 13% de recomposição, mas vetar duas parcelas de 12% cada, como havia sido acordado inicialmente com a categoria.
Em 2022, houve reajuste de 10% para todos os servidores públicos. Insatisfeitas, pois assim como agora queriam a recomposição das perdas desde 2015, as forças de segurança fizeram diversas manifestações nas ruas de Belo Horizonte e até mesmo uma “greve branca” durante algumas semanas.
Apesar da pressão, o governo Zema não aceitou conceder um percentual maior para a categoria naquela ocasião. Por outro lado, o Palácio Tiradentes adotou uma série de medidas de compensação. A principal delas foi reajustar o valor do auxílio-fardamento de R$ 1.800 para R$ 2.000 e aumentar de um para quatro o número de parcelas do benefício. Na prática, os agentes passaram a receber R$ 8 mil com o benefício por ano em vez de R$ 1,8 mil.