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Bolsonaro volta ao Brasil após 90 dias nos EUA; veja programação e escândalos que marcaram período

Ex-presidente desembarca na manhã desta quinta-feira (30) no Aeroporto Internacional de Brasília

Bolsonaro e MIchelle desembarcam nos Estados Unidos em viagem em 2021

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarca no Aeroporto Internacional de Brasília (DF), na manhã desta quinta-feira (30), após passar três meses nos Estados Unidos. Ele embarca em um voo comercial do Aeroporto de Orlando, na Flórida, na noite desta quarta-feira (29), 90 dias após deixar o país - antes mesmo do término de seu mandato.

No seu retorno ao Brasil, Bolsonaro planejava ser recebido por apoiadores e autoridades públicas e até desfilar em carro aberto pelas ruas da capital federal, mas o esquema foi barrado pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Distrito Federal. O objetivo é evitar aglomerações que possam prejudicar o pleno funcionamento do aeroporto.

Dessa forma, foi sugerido ao ex-presidente que ele sequer passe pelo saguão principal, onde seria recepcionado por apoiadores, mas que ele deixe o local por uma “saída lateral”. Dessa forma, Bolsonaro deve ser escoltado por uma equipe da Polícia Federal (PF) ainda na pista.

Por sua vez, o seu partido, o PL, organiza uma recepção na sede da agremiação, em Brasília. No local, que fica no Setor Hoteleiro Sul, Bolsonaro deve participar de uma cerimônia de cumprimentos a lideranças do PL e de outros partidos. Ainda não há definição sobre a montagem de um palanque na sede do PL para que ele fale a apoiadores e autoridades.

Os 90 dias de Bolsonaro fora do país

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou o Brasil em 30 de dezembro, um dia antes do fim de seu mandato, com destino à cidade de Orlando, nos Estados Unidos. No país norte-americano, ele ficou hospedado na casa do lutador de MMA, José Aldo.

Nesses 90 dias, Bolsonaro recebeu apoiadores em frente à casa onde estava vivendo, recebeu políticos e aliados, deu palestras e participou de eventos organizados por movimentos conservadores dos Estados Unidos.

Com isso, Bolsonaro sequer estava no país para a posse do seu sucessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito em outubro passado, após derrotar o próprio Bolsonaro.

Confira momentos marcantes na política brasileira durante ausência de Bolsonaro.

8 de janeiro

Bolsonaro também não estava no Brasil no dia 8 de janeiro, quando milhares de seus apoiadores marcharam pela praça dos Três Poderes, em Brasília, invadiram, depredaram e saquearam as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.

Os ataques foram condenados tanto por adversários como por aliados do ex-presidente, além de líderes políticos mundiais. Bolsonaro se manifestou no próprio dia 8 de janeiro, ao dizer que manifestações pacíficas fazem parte da democracia. No entanto, em uma publicação em uma rede social, ele condenou o quebra-quebra e ao compará-lo com atos “praticados pela esquerda” em 2013 e 2017.

Veja: ‘Golpe? Que golpe? Eu nem estava lá', diz Bolsonaro sobre 8 de janeiro

Prisão de ex-ministro e afastamento de aliado

Nos dias que se seguiram aos atos golpistas do dia 8 de janeiro, Bolsonaro viu, dos Estados Unidos, o afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), seu aliado durante a campanha eleitoral de 2022.

Ele também viu, da casa de José Aldo, seu ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, ter pedido de prisão feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Torres, que foi nomeado por Ibaneis para assumir a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal no dia 2 de janeiro, deixou o país também com destino a Orlando no dia 7 de janeiro, véspera dos atos golpistas.

De acordo com as investigações), Torres mudou a cúpula da secretaria e alterou o planejamento da segurança do DF antes de viajar. Ele é investigado por omissão no combate aos atos golpistas.

Minuta de golpe

Ainda quando estava nos Estados Unidos, Anderson Torres foi alvo de uma operação de busca e apreensão em sua casa, em Brasília. No local, agentes da Polícia Federal encontraram uma minuta de decreto não-assinado que previa a instauração de estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Pelo conteúdo do texto, o objetivo do documento era tentar interferir no resultado das eleições presidenciais de 2022, em que Bolsonaro foi derrotado nas urnas.

O ex-presidente rechaçou que queria dar um golpe de Estado e classificou o episódio como “mentira em cima de mentira”.

Plano para grampear Alexandre de Moraes

Outro episódio que marcou a ausência de Bolsonaro ao Brasil nos últimos meses foi um plano revelado pelo aliado de Bolsonaro, o senador Marcos do Val (União) de que ele teria participado de uma reunião com o ex-presidente e o ex-deputado federal Daniel Silveira, na residência oficial de Bolsonaro, em que foi discutido um plano para “grampear” o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Após a denúncia, o senador alterou sua versão diversas vezes e, por fim, disse que Bolsonaro não teria dito nada durante o encontro, apesar de confirmar que o tal plano existia.

Caso das joias

Por fim, outro caso que voltou a colocar o nome de Jair Bolsonaro - e de sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle - nos holofotes foi a revelação da apreensão de um kit de joias que teria sido entregue a ele pelo governo da Arábia Saudita. Os itens, que incluíam um colar de diamantes e um par de brincos, foram avaliados em R$ 16,5 milhões e ficaram retidos na Receita Federal.

Leia também: Bolsonaro prestará depoimento à PF sobre caso das joias no dia 5 de abril

Posteriormente, foram descobertos outros dois kits de joias, também endereçados a Bolsonaro e sua família, mas que foram incorporados ao acervo pessoal do presidente. Um deles, que incluía um par de abotoaduras e uma caneta, foi devolvido por advogados do presidente à União.

Um terceiro kit, no entanto, permanece sob a guarda de Bolsonaro - e inclui um relógio de ouro branco cravejado de diamantes.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.