Muitos tutores e perfis na internet utilizam o termo ‘Síndrome de Down em gatos’ para descrever felinos com características físicas ou comportamentais atípicas, como olhos puxados, pelagem diferente ou dificuldades motoras.
Muitos especialistas alertam que essa associação é equivocada e cientificamente incorreta. Segundo a veterinária Cássia Paulon, da Petz, “não existe Síndrome de Down em gatos. Essa é uma alteração exclusiva dos humanos”, pois os gatos possuem 19 pares de cromossomos, enquanto os humanos têm 23.
A Síndrome de Down, conhecida como trissomia do cromossomo 21, é uma alteração genética específica dos seres humanos, causada pela presença de uma cópia extra desse cromossomo. “É bastante improvável dizer que existe síndrome de Down em animais”, reforça o médico-veterinário Ítalo Cássio, coordenador técnico da Petz.
Assim, gatos com sinais físicos ou comportamentais que parecem semelhantes, como dificuldades de coordenação motora, estrabismo, ou características faciais específicas, podem estar manifestando outras condições neurológicas, genéticas ou até sequelas de traumas.
As causas reais por trás do mito
Muitas vezes, gatos com hipoplasia cerebelar, uma condição neurológica que afeta o equilíbrio e a coordenação motora, são confundidos com “gatos com Síndrome de Down”. Essa doença pode ser congênita ou adquirida e exige cuidados especiais, mas não tem relação genética com a trissomia humana.
Além disso, gatos com anomalias cromossômicas distintas, como a Síndrome de Klinefelter ou Turner, apresentam características próprias e diagnósticos específicos, sem vínculo com a Síndrome de Down.
Caso o tutor perceba alguma alteração do comportamento do animal, deve seguir alguns passos:
- Avaliação veterinária especializada, fundamental para um diagnóstico correto, utilizando exames físicos, neurológicos e genéticos quando necessário;
- Ambiente adaptado, como pisos antiderrapantes, fácil acesso a comida e água, locais seguros para descanso e estímulos que respeitem limitações motoras e sensoriais;
- Atenção personalizada para comer e auxiliar nas necessidades básicas, como higiene facilitada, dieta adequada e acompanhamento contínuo, que promovem melhor qualidade de vida;
- Observação de mudanças comportamentais e sinais de desconforto ajudam a ajustar os cuidados e o tratamento ao longo do tempo.