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Canibalismo é comum entre peixes; entenda as razões

Tutores devem monitorar o comportamento dos peixes e manter adequado o ambiente do aquário

Ao planejar o aquário, o tutor precisa evitar a mistura de predadores naturais com presas em potencial

A cena de um peixe devorando outro pode parecer chocante, mas no mundo aquático, o canibalismo não é uma cena rara. Esse comportamento, seja em ambientes selvagens ou em aquários, vem de fatores biológicos, ambientais e comportamentais.

Na natureza, essa pode ser uma estratégia de sobrevivência, muitas vezes em razão da escassez de alimentos. Peixes maiores ou mais fortes tendem a predar os menores quando os recursos são limitados.

“Em muitas espécies, o canibalismo pode ser uma estratégia de vida adaptativa, especialmente em condições ambientais desfavoráveis e alta competição por alimento”, explica um artigo da Food and Agriculture Organization (FAO) das Nações Unidas, ao discutir a piscicultura.

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A densidade populacional também influencia: quanto mais peixes em um espaço restrito, maior a chance de predação devido ao estresse e à disputa por território. Em aquários, esse comportamento é um sinal de desequilíbrio e quase sempre está ligado à forma como o ambiente é gerenciado.

As principais causas para peixes comerem outros, de acordo com a FAO, são:

  • Incompatibilidade de espécies: ocorre quando tutores misturam peixes de temperamentos e necessidades diferentes. Peixes carnívoros naturais, como muitos ciclídeos, podem atacar peixes menores ou pacíficos;
  • Alimentação insuficiente ou inadequada: se a comida não é suficiente ou a dieta não atende às necessidades de todas as espécies, peixes podem recorrer a esse comportamento;
  • Superpopulação e estresse: um aquário lotado causa falta de espaço e oxigênio, o que leva ao estresse e à agressividade;

Como evitar conflitos no aquário

Tutores podem começar com uma pesquisa cuidadosa antes de adicionar qualquer novo habitante ao tanque.

“Conhecer o tamanho adulto, o temperamento e as necessidades dietéticas de cada espécie é o primeiro passo para criar uma comunidade de aquário bem-sucedida”, aconselha a Aquascape Inc., especialista em ecossistemas aquáticos.

Ao planejar o aquário, o tutor precisa evitar a mistura de predadores naturais com presas em potencial.

Um tanque maior oferece mais espaço e minimiza o estresse, e é fundamental para que a litragem seja adequada ao número e tamanho dos peixes.

Cuidadores também podem investir em um ambiente com abundância de esconderijos, como cavernas e plantas densas, para que os peixes menores ou mais tímidos possam se refugiar.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.