Nossos cães não falam, mas se comunicam o tempo todo, com as pessoas e outros animais. E o latido é uma das principais formas de expressão. A intensidade, o ritmo e até o tom do som podem revelar diferentes emoções: alegria, medo, tédio, ansiedade ou alerta.
Tutores atentos já devem ter notado padrões em seus pets, mas aprender a reconhecer essas variações pode ser o passo que estava faltando para melhorar a convivência do animal em casa.
De acordo com a veterinária comportamentalista Paula Itikawa, do Hospital Veterinário Sena Madureira (SP), “o latido é uma vocalização natural dos cães, e só deve ser motivo de preocupação quando se torna excessivo ou associado a sinais de estresse, como destruição de objetos, salivação intensa ou automutilação”.
A especialista explica que, na natureza, o latido tem função social, ajudando a avisar o grupo sobre ameaças, localizar membros e reforçar laços. Em casa, os mesmos padrões se mantêm, mas adaptados ao convívio humano.
Cada tipo de latido carrega uma mensagem diferente
A veterinária Heloísa Almeida, professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP), explica que a estrutura sonora ajuda a identificar o estado emocional do cão. “Latidos agudos e curtos indicam empolgação ou alerta; já sons graves e repetitivos, com intervalos curtos, sugerem irritação, medo ou tentativa de afastar algo”, afirma.
Segundo ela, é possível reconhecer os significados mais comuns observando o contexto e o corpo do animal: orelhas eretas, rabo rígido ou pelos arrepiados podem indicar tensão; já postura relaxada e movimentos rápidos de cauda costumam sinalizar brincadeira.
A Itatiaia listou os principais tipos de latido e o que eles indicam:
- Latido rápido e contínuo: alerta ou aviso de aproximação de estranhos.
- Latido isolado e agudo: pedido de atenção ou brincadeira.
- Latido prolongado e monótono: tédio ou solidão.
- Latido grave e repetitivo: medo ou tentativa de defesa.
- Latido intercalado por uivos: ansiedade de separação.
Reagir sem reforçar comportamentos negativos
Tentar silenciar o cão à força pode gerar o efeito oposto. De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), punições físicas ou o uso de equipamentos aversivos, como coleiras de choque, são práticas consideradas cruéis e ineficazes. “O tutor deve investigar a causa do comportamento antes de agir. Em muitos casos, o latido é uma forma de comunicação que precisa ser compreendida, não reprimida”, diz nota técnica do CFMV.
A recomendação dos profissionais é redirecionar a energia do animal: aumentar os passeios, oferecer brinquedos interativos e manter uma rotina previsível de alimentação e descanso. Além disso, buscar o auxílio de um adestrador positivo ou médico-veterinário especializado em comportamento pode ajudar a ajustar o ambiente e evitar o estresse.
