Muitos tutores de cães já conhecem esse roteiro: o barulho de trovões, o som da chuva intensa, a mudança na pressão atmosférica e até os clarões de relâmpagos podem ser assustadores para os cães.
Esse medo, chamado como astrafobia, é uma das fobias mais comuns entre os pets e pode desencadear episódios graves de estresse e ansiedade.
Segundo a American Kennel Club (AKC), “tempestades envolvem múltiplos estímulos sensoriais que podem sobrecarregar o sistema nervoso do animal, principalmente se ele não tiver sido adequadamente socializado a esses ruídos quando filhote”.
Algumas raças são mais predispostas, como Border Collies e Pastores Alemães, mas qualquer cão pode desenvolver esse tipo de fobia ao longo da vida.
O medo da chuva pode se manifestar de formas variadas, desde sinais sutis até comportamentos extremos.
Entre os mais comuns estão tremores, salivação excessiva, pupilas dilatadas, latidos ininterruptos, tentativa de fuga e busca por esconderijos.
Alguns cães também podem apresentar comportamentos destrutivos, como arranhar portas e móveis, ou até mesmo fazer xixi fora do lugar.
A veterinária e etóloga Patrícia Lima, em entrevista pública ao Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), afirma:
“É importante não punir o animal por seus comportamentos durante a tempestade. O medo é uma resposta instintiva, e a punição só reforça o trauma”
Portanto, saber lidar com a situação significa acolher, mas sem reforçar o comportamento de pânico.
O que fazer para minimizar o estresse?
Para minimizar o estresse causado pelas tempestades e ajudar seu
- Seu cão percebe sua linguagem corporal e seu tom de voz. Demonstrar tranquilidade ajuda a reduzir a ansiedade do animal;
- Ofereça um refúgio seguro, um local tranquilo, sem muitas janelas, onde o som da chuva e dos trovões seja atenuado. Pode ser uma caixa de transporte ou um cômodo silencioso;
- Música relaxante ou até mesmo o som da TV podem ajudar a mascarar os barulhos externos, e criar um ambiente mais confortável;
- Deixe que o cão escolha se quer ficar próximo ou isolado. Forçar o contato pode aumentar o estresse;
- Adote técnicas de dessensibilização. Expor o cão gradualmente a sons semelhantes aos de uma tempestade, começando em volumes baixos, pode ajudar a reduzir a sensibilidade. Esse processo, no entanto, deve ser feito com acompanhamento profissional.
O Purina Institute destaca que “a dessensibilização deve ser feita com cuidado, respeitando os limites do cão, para não piorar a fobia”.
Leia também:
Doação de sangue para cães: saiba como funciona e quem pode participar Cães podem comer ossos? Tutores devem buscar alternativas seguras à mastigação de ossos Levar pets no transporte coletivo exige respeito aos demais passageiros e à coletividade
Quando procurar ajuda profissional
Em casos mais graves, a ajuda de um médico veterinário comportamentalista pode ser essencial.
Esse especialista poderá avaliar o grau da fobia e indicar terapias comportamentais, além de, se necessário, recomendar o uso de ansiolíticos ou suplementos naturais.
Segundo o CFMV, “o uso de medicamentos deve ser sempre prescrito e acompanhado por um veterinário, para evitar efeitos colaterais indesejados e garantir a segurança do animal”.
Além disso, produtos como coletes de compressão podem ser úteis, mas sua eficácia depende da aceitação do animal e do grau da fobia. Eles exercem uma leve pressão no corpo do cão e dão sensação de segurança.