Parece inofensivo, até porque as imagens de cães e ossos estão sempre associadas umas às outras, mas a realidade é que dar ossos aos cães pode trazer riscos significativos de acordo com especialistas.
Dar ossos a cães remonta aos primórdios da domesticação e do fortalecimento do vínculo entre animais e humanos. A evolução na compreensão da saúde canina revelou, contudo, que nem todos os ossos são inofensivos.
Ossos cozidos ou assados, por exemplo, são unanimemente desaconselhados por veterinários. O calor altera a estrutura do osso, tornando-o quebradiço e propenso a lascar, o que pode resultar em graves problemas de saúde, como fraturas dentárias, lesões na boca e garganta, engasgos, obstruções gastrointestinais e até perfurações.
A VCA Animal Hospitals alerta que ossos nessas condições podem ser quebradiços, “facilitando a quebra de um dos grandes dentes de mastigação de um cão. Um dente quebrado é doloroso e deve ser tratado logo”.
A American Kennel Club (AKC) também reforça que “ossos cozidos estilhaçam em lascas. Se o seu cão comer um, ele pode engasgar com os pequenos pedaços”.
Sem falar dos fragmentos ósseos, que podem se alojar em diversas partes do trato digestivo, desde o esôfago até os intestinos. Caso ocorra, o cão pode sentir dores intensas, constipação severa e, em casos extremos, peritonite (uma infecção abdominal que pode ser fatal).
Alternativas seguras
Alguns veterinários e tutores optam por oferecer ossos crus e carnudos, mas nem eles estão isentos de riscos, como a contaminação bacteriana por Salmonella, E. coli ou Listeria, que podem afetar tanto o cão quanto os humanos da casa.
A Dra. Ana Rita Carvalho, médica-veterinária especialista em gastroenterologia da rede Seres, destaca que “ossos in natura, com pedaços de carne crua, podem gerar contaminações por micro-organismos causadores de doenças”.
Felizmente, o mercado pet oferece diversas opções seguras e benéficas para a saúde dental e o bem-estar dos cães.
Os ossos naturais processados, geralmente de origem bovina, passam por rigorosos processos de higienização e conservação, sendo comercializados prontos para o consumo.
Já os ossos sintéticos, feitos de materiais como couro bovino tratado ou nylon, são duráveis, não soltam cheiro e vêm em variados tamanhos e formatos, como o popular osso em nó.
Alguns lembretes para os tutores:
- O cão nunca deve ser deixado sozinho com um osso, seja ele natural ou sintético. E, para evitar engasgos, o tamanho adequado do osso deve ser maior que a cabeça do cão.
- Ainda de acordo com Carvalho, filhotes devem esperar a dentição completa que ocorre por volta dos quatro meses, para terem acesso a ossos. Cães idosos ou com dentes enfraquecidos, no entanto, se beneficiam mais de petiscos macios.
- Os ossos devem ser oferecidos como petiscos, não como parte principal da dieta, para não desequilibrar a nutrição.
Em caso de dúvida ou acidente, os tutores devem procurar imediatamente um médico-veterinário.
O mesmo vale para cada vez que forem introduzidos novos itens na dieta ou rotina do cão, para garantir que tudo ocorra bem as necessidades específicas do animal sejam atendidas.