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Acidentes com pets estão entre as principais causas de lesões infantis no Brasil

Entenda os riscos e saiba como prevenir; convivência exige supervisão

Supervisão constante é a principal medida preventiva, além de educar as crianças desde cedo sobre como interagir com os animais

A relação entre crianças e animais de estimação pode ser afetiva, educativa e benéfica para o desenvolvimento infantil.

Mas para ser seguro à integridade física dos pequenos, precisa haver mediação e cuidados adequados.

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, apontam que os acidentes com animais, principalmente mordidas e arranhões de cães e gatos, ocupam posição de destaque entre as causas externas de lesões em crianças no Brasil.

Segundo o Boletim Epidemiológico de Acidentes por Animais (2023), divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), foram registrados mais de 512 mil atendimentos por acidentes com cães e 85 mil com gatos em 2022, por exemplo.

As crianças de um a nove anos estão entre os grupos mais afetados. A gravidade das lesões varia, mas pode incluir lacerações, infecções, trauma psicológico e, em casos extremos, óbito.

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Tutores precisam se informar sobre comportamento animal

O comportamento de cães e gatos é influenciado por fatores como histórico de socialização, saúde, ambiente e nível de estresse.

Crianças pequenas, por ainda não entenderem os limites físicos e emocionais dos animais, tendem a puxar o rabo, agarrar com força ou invadir espaços de descanso dos pets, atitudes que podem ser interpretadas como ameaças.

O Instituto de Segurança para Crianças (Safe Kids Brasil) alerta que a supervisão constante é a principal medida preventiva. Além de educar as crianças desde cedo sobre como interagir com os animais.

O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) reforça que o tutor é responsável por garantir que o animal esteja com a saúde em dia, vacinado e socializado de forma adequada, conforme estabelece o Guia de Boas Práticas para a Posse Responsável de Animais de Estimação.

A médica-veterinária e professora da USP, Rita Ericson, destaca em entrevista à TV Brasil que “muitos acidentes são evitáveis e decorrem de falhas simples, como permitir que a criança brinque com um cão desconhecido ou que incomode um animal idoso”.

Ela ressalta que a responsabilidade é sempre dos adultos, tanto pelo bem-estar da criança quanto do animal.

As principais recomendações para prevenir acidentes incluem:

  • Nunca deixar crianças pequenas sozinhas com cães ou gatos, mesmo que o animal seja da família;
  • Ensinar aos pequenos o respeito aos limites dos animais, evitando interrupções durante o sono, alimentação ou momentos de estresse;
  • Identificar sinais de desconforto no pet, como rosnados, retração corporal, orelhas abaixadas ou olhar fixo;
  • Estimular interações positivas supervisionadas, com carinho moderado e atividades adequadas para cada faixa etária;
  • Buscar apoio de profissionais, como veterinários comportamentalistas ou adestradores, caso o animal apresente comportamentos agressivos.
Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.