A doação de sangue entre cães é um gesto de solidariedade que pode salvar vidas, especialmente em casos de acidentes, cirurgias ou doenças graves.
Apesar de ainda pouco difundida, a prática é essencial para garantir estoques em bancos de sangue veterinários e ampliar o acesso a transfusões seguras.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), a transfusão sanguínea é uma prática regulamentada e deve seguir critérios rigorosos de segurança.
“Os bancos de sangue devem ter infraestrutura adequada, profissionais capacitados e protocolos bem definidos para garantir a saúde do doador e do receptor”, destaca o órgão em publicação oficial.
Os cães podem doar sangue com intervalos regulares, desde que cumpram alguns requisitos básicos. O procedimento é simples, indolor e, geralmente, dura cerca de 30 minutos, sem necessidade de sedação.
Requisitos para o cão ser doador
Nem todo cachorro pode doar sangue. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) orienta que o animal esteja saudável, vacinado e livre de parasitas.
Além disso, segundo a Associação Brasileira de Hemoterapia Veterinária (ABHVet), o cão deve:
- Ter entre um e oito anos de idade;
- Pesar, no mínimo, 25 kg;
- Estar com exames clínicos em dia;
- Não apresentar doenças pré-existentes ou transmissíveis.
Outro fator importante é que as fêmeas não estejam gestantes ou em período de lactação. Antes da doação, são realizados exames para garantir que o sangue coletado seja seguro. “O bem-estar do doador é prioridade absoluta”, reforça a ABHVet em nota técnica.
Como é feita a coleta e por que ela é fundamental
O procedimento é realizado com o cão deitado ou sentado, em ambiente calmo e higienizado.
A coleta é feita, geralmente, da veia jugular, localizada no pescoço, utilizando material estéril. Após a doação, o animal pode retornar à rotina normal, apenas evitando atividades físicas intensas nas horas seguintes.
A doação canina é fundamental para o tratamento de diversas enfermidades, como anemia, parvovirose e cinomose, além de ser crucial em procedimentos cirúrgicos.
De acordo com o Hospital Veterinário da Universidade de São Paulo (USP), uma única bolsa de sangue pode salvar até dois cães.
Apesar da importância, especialistas alertam para a falta de conscientização. “Infelizmente, a cultura da doação de sangue entre pets ainda é incipiente no Brasil. É preciso ampliar campanhas informativas”, avalia o professor Ricardo Duarte, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, em entrevista à Agência USP de Notícias.
Atualmente, diversas universidades e clínicas privadas mantêm bancos de sangue veterinários, estimulando a participação voluntária de tutores e pets.
O Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP) recomenda que os tutores interessados procurem serviços especializados para obter informações e garantir que o processo seja feito com segurança e responsabilidade.