A descamação do bico em papagaios pode ser um processo fisiológico natural ou um indicativo de problemas de saúde que exigem atenção.
Assim como unhas e penas, o bico é formado por queratina, uma proteína que se renova constantemente. Mas nem sempre a descamação é inofensiva.
Segundo a Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens (ABRAVAS), “o bico das aves deve ser observado regularmente, pois alterações estruturais podem indicar doenças nutricionais, infecciosas ou parasitárias”.
Pequenas lascas podem fazer parte do ciclo natural de renovação, mas quadros persistentes ou acompanhados de outros sinais clínicos são motivo de preocupação.
Quando a descamação é um alerta
Entre as principais causas patológicas de descamação do bico em papagaios está a sarna causada pelo ácaro Knemidocoptes pilae. Essa enfermidade é caracterizada por lesões espessas e crostosas no bico e nas patas.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH), “a sarna é uma das doenças parasitárias mais comuns em aves de estimação e pode causar sérias deformações no bico se não tratada”.
Outro fator relevante é a deficiência nutricional. Dietas pobres em vitaminas A, D e minerais como cálcio e fósforo podem comprometer a integridade do bico.
A Sociedade Brasileira de Ornitologia (SBO) recomenda uma alimentação variada e equilibrada, com rações específicas para psitacídeos, além de frutas e legumes frescos.
“A nutrição inadequada compromete não apenas a plumagem, mas também a estrutura óssea e o bico das aves”, afirma a SBO em nota pública.
Infecções bacterianas ou fúngicas também podem provocar alterações no bico, como descamação, fragilidade e alterações na coloração.
Além disso, doenças virais como a Doença do Bico e das Penas (PBFD), causada pelo Circovírus, são altamente contagiosas entre psitacídeos e podem levar à destruição progressiva do bico.
Conforme alerta a Zooplus, “a PBFD é uma enfermidade grave que afeta a capacidade de alimentação e o bem-estar das aves”.
Para preservar a saúde do bico do papagaio e prevenir problemas como a descamação patológica, especialistas recomendam oferecer dieta balanceada, com incluir sementes, rações específicas, vegetais e frutas variadas, e respeitando as necessidades nutricionais da espécie.
Além da alimentação, o ambiente também conta muito: poleiros naturais e brinquedos adequados ajudam no desgaste fisiológico do bico e evitam o crescimento excessivo e descamações anormais.
Tutores precisam observar regularmente a aparência do bico e procurar por sinais como alterações na textura, coloração, crescimento desordenado ou lesões.
Mudanças comportamentais, como dificuldade para se alimentar ou manipular objetos, também podem ser indicativos de problemas.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), “o acompanhamento periódico por médico-veterinário especializado em animais silvestres é indispensável para garantir a saúde e o bem-estar das aves de estimação”.
A entidade destaca que intervenções inadequadas, como o desgaste manual do bico realizado por pessoas não capacitadas, podem causar ferimentos graves.