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Sensores inteligentes e protocolos são os pilares da Indústria 4.0; entenda

Especialista explica como a nova revolução industrial vai além da automação, transformando o chão de fábrica com dispositivos conectados e comunicação padronizada

A Indústria 4.0 resulta em uma fábrica mais conectada e transparente

A expressão Indústria 4.0 se tornou comum, mas seu significado prático ainda gera dúvidas. Em essência, trata-se da integração total entre o mundo físico das máquinas e o universo digital da informação. Sensores, controladores e softwares passam a operar de forma conectada, permitindo que gestores acompanhem todos os processos em tempo real.

Essa transformação, no entanto, vai muito além da automação tradicional e envolve três fundamentos principais: sensores inteligentes, protocolos de comunicação e uma nova e rigorosa camada de segurança digital.

O que é a Indústria 4.0 no chão de fábrica?

Na prática, a Indústria 4.0 resulta em uma fábrica mais conectada e transparente. “Dados que antes ficavam restritos ao chão de fábrica agora podem ser acessados pela diretoria, por fornecedores e até pelo cliente final, de forma instantânea”, disse à Itatiaia Saulo Lopes de Siqueira, tecnólogo em automação industrial e instrutor de formação profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Um exemplo claro é o rastreamento de compras em sites de comércio eletrônico. Conforme o especialista, assim como um cliente acompanha o status de um pedido, um gestor industrial pode verificar se uma linha de produção está ativa, se ocorreu uma falha ou se um lote foi finalizado.

Essa evolução só é possível porque as áreas de Tecnologia da Informação (TI) e Tecnologia da Automação (TA) passaram a trabalhar de forma integrada. Esse novo cenário exige profissionais multidisciplinares e atenção a regulamentações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

O que torna um sensor ‘inteligente’?

Um sensor tradicional opera de maneira simples, como um interruptor que detecta a presença de um objeto e envia um sinal de “ligado” ou “desligado”. Já um sensor inteligente, explica Siqueira, possui capacidades muito mais avançadas, pois coleta e processa múltiplas informações, como temperatura, vibração, posição e velocidade.

Esse tipo de dispositivo possui um microprocessador que interpreta os dados localmente antes de enviá-los, podendo se comunicar diretamente com sistemas de gestão. A diferença é comparável à de um termômetro comum, que apenas mede a temperatura, e um relógio inteligente, que registra, analisa e envia relatórios para um aplicativo.

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Protocolos industriais: a linguagem das máquinas

Para que sensores, máquinas e sistemas conversem entre si, eles precisam falar o mesmo “idioma digital”. Segundo o tecnólogo, esses idiomas são os protocolos de comunicação, como OPC UA, Modbus e MQTT, que padronizam a troca de informações no ambiente industrial e garantem a interoperabilidade.

Vantagens dos padrões de comunicação

  • Interoperabilidade: Permite que máquinas de diferentes fabricantes se comuniquem sem falhas.
  • Integridade: Garante que os dados cheguem ao destino de forma completa e sem perdas.
  • Acessibilidade: Dá ao gestor a possibilidade de acompanhar a produção em tempo real, diretamente do computador ou celular.

Segurança digital: o novo desafio da fábrica conectada

Com tantos equipamentos conectados à rede, a segurança digital se torna uma prioridade máxima. Um sensor inteligente é capaz de coletar dados valiosos e sensíveis sobre a operação, como condições de temperatura e pressão, quantidade de peças produzidas e informações sobre a qualidade dos produtos.

De acordo com o instrutor do Senai, um ataque cibernético pode paralisar a produção, roubar informações estratégicas e até comprometer a segurança dos operadores e a qualidade dos produtos. Por isso, a integração entre as equipes de TI e TA é fundamental para garantir um fluxo de dados confiável e protegido.

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Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.