A criação de um novo alimento para o
Como nasce um novo produto alimentício
Para um novo produto chegar à prateleira do supermercado, o caminho é longo. Tudo começa com a identificação de uma oportunidade, seja por meio de pesquisas de tendências, estudos de
“Quando falamos no desenvolvimento de um novo produto alimentício, costumo enxergar o processo como uma jornada que une criatividade, ciência e análise de mercado”, disse à Itatiaia Augusto de Souza da Silva, analista de tecnologia na área de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) e mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Com os requisitos definidos, são criados os primeiros protótipos em laboratório. Nessa fase, os especialistas definem as etapas do processo de fabricação e realizam testes de sabor, aroma, textura e aparência. Se o protótipo for aprovado, ele passa por análises mais aprofundadas para garantir a segurança e a qualidade, como testes de durabilidade e análises microbiológicas para evitar a contaminação por bactérias.
Antes do lançamento, a indústria avalia se é possível produzir o novo alimento em larga escala, mantendo as mesmas características definidas nos testes iniciais. “Esse equilíbrio entre inovação, viabilidade técnica e comercial é essencial para que o produto seja competitivo e sustentável”, afirma o especialista.
O desafio de reduzir açúcar e sal sem perder o sabor
Uma das maiores dificuldades da indústria de alimentos é reformular produtos já conhecidos para atender às novas demandas dos consumidores, como a redução de sódio, açúcares e gorduras. O desafio é fazer essas alterações sem comprometer o sabor, a textura e a durabilidade do alimento.
Para isso, as empresas utilizam uma combinação de ingredientes alternativos e novas tecnologias. Adoçantes naturais como estévia e eritritol, além de fibras e proteínas vegetais, podem substituir parte do açúcar e da gordura. Já os aromas e as enzimas ajudam a manter a percepção do sabor e a funcionalidade do produto.
“Reformular produtos já estabelecidos sempre traz o desafio de preservar o sabor, a textura e a vida útil ao mesmo tempo em que atendemos novas demandas do consumidor”, explica Augusto. “Tecnologias como encapsulamento de aromas, antioxidantes naturais e texturizantes inovadores ajudam a preservar a estabilidade e o shelf-life (prazo de validade)”, completa.
O especialista destaca a importância do diálogo com os fornecedores de ingredientes para encontrar soluções mais eficientes e alinhadas às tendências de consumo. Cada ajuste passa por testes de sabor e análises de estabilidade para garantir que o resultado final mantenha a qualidade percebida pelo consumidor.
Sustentabilidade: aproveitando restos de frutas e vegetais
A sustentabilidade e a economia circular também estão presentes no desenvolvimento de novos produtos. Muitas empresas já criam ingredientes a partir de subprodutos que antes seriam descartados, como farinhas feitas de resíduos de frutas, fibras recuperadas de vegetais e extratos ricos em compostos funcionais.
No entanto, transformar esses materiais em novas matérias-primas exige um processo bem estruturado de coleta, armazenamento, transporte e higienização para evitar perdas e contaminações. “A viabilidade pode ser mais complexa, pois é necessário adaptar processos e validar a estabilidade dos ingredientes obtidos”, pondera Augusto.
Segundo o especialista, o consumidor valoriza produtos alinhados à sustentabilidade, mas a qualidade e o sabor ainda são os fatores decisivos na hora da compra. “A questão ambiental entra como um diferencial, um plus que agrega valor, mas dificilmente compensa se o produto não entrega prazer e conveniência”, finaliza.
Tecnologias que garantem qualidade e durabilidade
Para garantir que os alimentos cheguem à mesa do consumidor com qualidade e segurança, a indústria utiliza diversas tecnologias. Algumas das mais importantes são:
- Encapsulamento de aromas: protege os aromas e sabores do alimento, liberando-os apenas no momento do consumo.
- Antioxidantes naturais: evitam a oxidação das gorduras, que pode causar sabor e odor desagradáveis.
- Texturizantes inovadores: melhoram a textura e a cremosidade dos produtos, mesmo com a redução de gordura.
- Embalagens inteligentes: indicam o estado de conservação do alimento, alertando sobre possíveis problemas de qualidade ou segurança.
Entenda o assunto
O desenvolvimento de novos produtos alimentícios é um setor que movimenta bilhões de reais no Brasil e emprega milhares de trabalhadores em indústrias, laboratórios e centros de pesquisa. Para o consumidor, isso significa mais opções de produtos saudáveis e saborosos nas prateleiras dos supermercados.
A tendência de redução de açúcar, sal e gordura nos alimentos responde a uma demanda crescente por produtos mais saudáveis, impulsionada pelo aumento de doenças como diabetes, hipertensão e obesidade. Isso obriga as empresas a investir em pesquisa e desenvolvimento para manter a competitividade no mercado.
O aproveitamento de resíduos de frutas e vegetais para criar novos ingredientes também representa uma oportunidade econômica importante, especialmente para pequenos produtores rurais que podem agregar valor aos seus produtos e reduzir o desperdício.
Inove com o suporte do SENAI para criar alimentos seguros, nutritivos e atrativos ao mercado.