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Dólar sobe para o maior valor desde agosto com risco fiscal do governo Lula

Moeda americana teve uma disparada de mais de 2% no pregão desta sexta-feira (10) com receio dos investidores com a política fiscal do governo

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva

O dólar fechou a sexta-feira (10) no seu maior patamar desde agosto, com uma disparada de 2,64%, a R$ 5,51. O resultado levou o real a ter o pior desempenho do dia no mercado global, com investidores receosos com os rumos das contas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a volatilidade do mercado de crédito.

Nas últimas semanas, o dólar comercial apresentava uma flutuação grande entre R$ 5,30 e R$ 5,36. No dia 23 de setembro, a moeda chegou em R$ 5,28 com o sinal de aproximação entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevando os ânimos dos investidores com perspectiva de solução do tarifaço.

A última vez que o câmbio esteve acima de R$ 5,50 foi no dia 19 de agosto, quando também houve uma disparada da moeda de 1,24%. Dessa vez, o que preocupa o mercado é a derrubada da Medida Provisória (MP) alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), aposta do governo para encerrar o ano com o orçamento balanceado.

Sem a votação no congresso, o mercado aumento a percepção de risco fiscal do país, na medida em que o presidente Lula também anuncia novos programas que podem expandir os gastos e aumentar a sua popularidade. Para o economista sênior do banco Inter, André Valério, o dia foi de incertezas domésticas e volatilidade externa.

“No âmbito local, o real começou o dia pressionado por incertezas fiscais, na esteira da não aprovação da MP alternativa ao IOF, o que pressiona a meta fiscal de 2026, que é de superavit de 0,25% do PIB. Além disso, o anúncio da nova política de crédito imobiliário não foi bem recebido em meio a esses temores, sugerindo a disposição do governo em buscar medidas com potencial eleitoral”, explicou.

Riscos externos com EUA e China

O especialista também cita os riscos externos, com as ameaças de Donald Trump em aumentar de maneira “massiva” as tarifas sobre a China. O republicano acusa o governo de Xi Jinping de tentar monopolizar o mercado de terras raras, o grupo de minerais de 17 elementos da tabela periódica que são fundamentais para diversos setores da indústria.

Segundo o especialista, o imbróglio com a China causa um movimento de desvalorização de commodities, afetando as moedas mais sensíveis à exportação desses itens, como o mercado brasileiro. “Com isso, vimos um movimento de risk-off generalizado na economia global, que levou a um movimento de desvalorização do dólar frente às principais moedas, favorecendo euro, iene e metais preciosos”, afirmou.

O cenário externo também causou a queda no Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira. O indicador fechou em queda de 0,73% aos 140.680 pontos, encerrando a semana com um recuo de 2,44%.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.