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Alta na bolsa não é ‘cenário de festa’ na economia, avaliam especialistas do Inter

Volume baixo de negociações, mesmo com recordes na bolsa brasileira, mostra um cenário desafiador na economia

Time de investimentos do Inter e o CEO do banco no Brasil, Alexandre Riccio, concederam coletiva de imprensa em Belo Horizonte nesta sexta (19)

Os recordes mais recentes da bolsa de valores brasileira, que voltou a valorizar nesta sexta-feira (19), após um pregão de correção na quinta-feira (18), não indicam um cenário de festa na economia brasileira, avaliam especialistas de investimento do banco Inter. Na realidade, o momento é de cautela com os indicadores macroeconômicos.

A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria, ressalta que a taxa de juros alta não favorece o discurso de diversificação nos investimentos, com a alocação de recursos sendo direcionada na renda fixa. “Apesar da bolsa estar batendo recorde, o volume é muito pequeno. Quando a gente olha a locação até dos nossos investidores, a locação em bolsa ainda é muito pequena”, explicou, durante coletiva na sede do banco, em Belo Horizonte.

Na quarta-feira (17), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. Em comunicado, os diretores da autoridade monetária ressaltaram um cenário de incerteza com o mercado de trabalho aquecido e a inflação (5,13%) longe do centro da meta de 3%.

Ibovespa já valorizou 21% no ano, fechando o pregão de sexta com 145.865,11 pontos. Segundo dados da B3, o volume negociado foi de R$ 28,2 bilhões. O dólar também voltou a subir pelo terceiro dia seguido, mas com uma variação pequena de 0,03%, a R$ 5,32.

Rafaela Vitoria destaca que esse momento pode se inverter se o país conseguir corrigir o risco fiscal, e a Selic for ajustada para níveis abaixo de 7% ao ano, com o discurso de diversificação ganhando força. Porém, no momento o interesse do investidor em aplicações de renda variável e ações ainda é muito “tímido”.

“A gente teve nesse período uma busca do investidor por ativos em bolsa, em recomendação de carteira. A gente pode voltar a ver isso em um futuro próximo, mas por hora ainda é muito tímido esse interesse pela bolsa. Ela está batendo recordes, mas com volumes bem baixos”, destacou.

Ruído atrapalha o investidor local

O risco doméstico também está atrapalhando a atratividade dos ativos da bolsa para o brasileiro, com parte importante dos investimentos sendo de investidores estrangeiros. Segundo Matheus Amaral, especialista em renda variável do Inter, o cenário é ruim até para as melhores empresas listadas, que estão com uma avaliação de mercado baixa e ações baratas.

“O cenário não é de festa. Não vemos um IPO, nem follow-on, mesmo com as máximas históricas recentes, e isso é reflexo do cenário doméstico que ainda tem riscos. É muito ruído que atrapalha e o investidor local acompanha mais o mercado do que o investidor estrangeiro”, explicou.

IPO é a sigla em inglês para oferta pública inicial, quando as empresas são listadas na bolsa e passam a ofertar suas primeiras ações no pregão - o último evento ocorreu na B3 em 2021. O “follow-on” ocorre quando a empresa listada passa a ofertar mais ações no mercado.

Inter Invest Summit 2025

Neste sábado (20) o Inter vai realizar o Inter Invest Summit 2025, um evento que vai reunir personalidades do mercado de capitais e os principais especialistas em negócios na Arena MRV, em Belo Horizonte. Com a expectativa de reunir 6 mil pessoas, o evento quer democratizar o ambiente de investimentos.

Para o CEO do Inter no Brasil, Alexandre Riccio, trazer os negócios para a realidade da população está na gênese da instituição. “O Inter veio desde o início com essa proposta de trazer uma oferta mais democrática para o mercado, com rendimentos que na época eram completamente diferentes do que eram oferecidos para o investidor comum nos bancos incumbentes”, disse.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.