O programa de alfabetização e certificação escolar da MRV, intitulado de “Escola Nota 10”, já implementou 319 unidades de ensino em canteiros de obra, beneficiando cerca de 7 mil colaboradores desde 2011, quando a iniciativa foi criada pela empresa. Atualmente, são 28 escolas em operação para incentivar os trabalhadores das suas obras na educação.
Segundo o gestor executivo de sustentabilidade e relações institucionais da MRV&CO, José Luiz Esteves, o Escola Nota 10 é um projeto amplo de qualificação profissional para a melhoria da educação dos funcionários. “É um projeto que a empresa abraçou como um todo. Ele inclusive faz parte de metas de remuneração variáveis de várias diretorias aqui dentro da empresa”, disse.
O projeto dedicado à força de trabalho operacional da MRV, surgiu com o foco de melhorar o índice de alfabetização dos trabalhadores, a partir de um estudo em que foi constatado que 27% da força de trabalho da empresa era composta por pessoas com analfabetismo funcional. “Foi em cima desses dados que a gente começou a focar na melhoria dos ensinos e qualificação. Isso acabou trazendo benefícios de produtividade e retenção dessa mão de obra”, destacou o gestor.
De acordo com um estudo de retorno social por investimento (SROI) da MRV, metodologia que monetiza os efeitos sociais do programa, para cada R$ 1 investido no Escola Nota 10, foram gerados R$ 13,63 em retorno social. O levantamento indica que entre os benefícios mapeados, estão o aumento médio de 9,3% na valorização dos colaboradores alfabetizados, com um potencial de R$ 22,4 milhões no incremento de renda familiar.
A partir de 2022, o programa passou por uma reestruturação metodológica em parceria com a Alicerce Educação, ampliando a escala, engajamento e resultados da iniciativa. Nessa nova fase, já foram 1.092 trabalhadores certificados, sendo que 239 foram inscritos no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).
Ainda de acordo com a MRV, além da formação dos profissionais, o programa gerou cerca de R$ 179 mil em efeitos econômicos e fiscais adicionais. “A gente está fazendo uma parte social de transformar a vida desses trabalhadores. Nós estamos falando em torno de 7 mil pessoas impactadas. A maioria está há mais de 10 anos na construção civil, e foi a primeira vez que tiveram alguma oportunidade de estudo ou de qualificação profissional”, completou Esteves.
Amplo alcance
Segundo o perfil dos participantes do programa, cerca de 64% dos alunos possuem mais de 10 anos de experiência no setor, enquanto 58% ingressaram no programa há menos de seis meses. Esse é o caso do pedreiro José Carlos, que avalia a iniciativa como uma boa oportunidade para começar a estudar.
“Eu nunca fui à escola, sabe? Onde eu trabalhei, nunca tive oportunidade e a única empresa que me deu essa oportunidade foi a MRV. Eu aprendi a escrever o meu nome, e eu gosto de ir para as aulas”, disse o trabalhador.
José Carlos conta que aprendeu uma série de disciplinas, com destaque para o português. O pedreiro destaca ainda a paciência dos professores em ensinar os trabalhadores, que muitas vezes participam das aulas logo após trabalharem em uma obra. “Não é todo mundo que tem essa paciência”.
Cerca de 38% dos trabalhadores que participam do Escola Nota 10 possuem entre 45 e 59 anos, encontrando no programa a primeira experiência em um ambiente educacional. Dos participantes, 58% se autodeclaram partidos, 27% pedros, e 15% são mulheres.
Além disso, 82% manifestam interesse em se formar no ensino fundamental ou médio pelo Encceja. “Toda a vida o meu sonho foi estudar e aprender alguma coisa, mas eu nunca tive oportunidade. Então eu agradeço demais por essa oportunidade”, completou José Carlos.