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Quais países já fecharam acordos tarifários com Trump?

As tarifas comerciais anunciadas pelo presidente Donald Trump, entrarão em vigor no dia 1º de agosto

Donald Trump, presidente dos EUA

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, confirmou neste domingo (27) que as tarifas comerciais anunciadas pelo presidente Donald Trump, entrarão em vigor no dia 1º de agosto, sem qualquer possibilidade de prorrogação.

Também neste domingo (27) Trump firmou um acordo com a União Europeia e passará a cobrar uma tarifa de 15% sobre as exportações do bloco.

O pacto sela a estratégia do governo americano de renegociar seus acordos de taxação para tentar reduzir o déficit comercial dos EUA. E a sombra de tarifas gigantescas forçou diferentes países a tentarem acordos mais leves - o Brasil, no entanto, deve encarar a taxa mais alta, de 50%.

Veja os países que conseguiram negociar com os EUA

  • União Europeia: nova tarifa, de 15%, representa uma diminuição significativa em relação aos 30% que estavam sendo praticados anteriormente
  • Japão: Trump reduziu a alíquota tarifária de 25%, imposta no começo de julho, para 15%. O aço e o alumínio japonês foram excluídos do documento e permanecem com a tarifa anterior, de 25%.
  • Indonésia: EUA vão reduzir a tarifa de 32% para 19% para os produtos do país entrarem no mercado americano.
  • Filipinas: produtos taxados em 19%, o que está abaixo da média de 25% a 50% que foi imposta a países sem acordo.
  • Vietnã: tarifa de 20% sobre produtos vietnamitas importados, abaixo dos 46% anunciados anteriormente, e uma taxa de 40% aos produtos que passam pelo Vietnã, mas são originários de outros países.
  • Reino Unido: taxação base de 10% dos EUA sobre produtos britânicos e uma isenção total de tarifas para componentes e produtos aeroespaciais britânicos dentro da cota acordada.
  • China: durante trégua tarifária impôs uma tarifa-base contra os produtos chineses em 30%, no lugar dos 145%.

Acordos em negociação

O presidente Donald Trump disse que a maioria dos acordos, “se não todos”, será concluída até agosto.

No início de julho, a Bloomberg noticiou que os Estados Unidos estão trabalhando em um acordo com a Índia que pode reduzir as tarifas propostas para menos de 20%. Em contrapartida, a Índia reduziria tarifas sobre produtos agrícolas oriundos dos EUA.

O gabinete presidencial da Coreia do Sul disse que entregará um pacote comercial “mutuamente aceitável” na próxima semana. Segundo o anúncio, a proposta incluirá uma cooperação na construção naval e uma tentativa na redução das tarifas de 25% que o país enfrenta atualmente.

Alinhada ideologicamente com os EUA, a Argentina ainda não formalizou um acordo, mas tenta reverter a imposição de tarifas sobre importação siderúrgica do país. Segundo o jornal Clarin, o governo argentino trabalha com a expectativa de ter tarifa zero sobre 80% do comércio bilateral.

O ministro de comércio da Malásia, Anwar Ibrahim, afirmou que está em negociações para reduzir as tarifas para abaixo de 20%. Atualmente, uma delegação comercial do Taiwan está em Washington para tentar um acordo tarifário. E o Bangladesh encomendou 25 aviões da Boeing como um esforço para acalmar as tensões comerciais e evitar um aumento de 35% nas tarifas.

Brasil

Na última quinta-feira (24), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, revelou ter conversado com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick. Escalado para liderar essas negociações, Alckmin disse que uma das propostas passa por dobrar a relação bilateral com os EUA nos próximos cinco anos.

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Segundo Alckmin, o governo brasileiro reforçou a disposição em negociar e destacou a importância de manter o diálogo sem interferências políticas ou ideológicas. “O Brasil nunca saiu da mesa de negociação. Não criamos o problema, mas queremos resolver”, disse o vice-presidente, destacando também o papel ativo do presidente Lula nas tentativas de reaproximação.

Apesar do esforço diplomático, ainda há incerteza sobre o canal de comunicação e o nível de interlocução com o governo norte-americano. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu dificuldades para dialogar diretamente com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. Segundo ele, as conversas ocorrem apenas em nível técnico e as decisões finais estariam centralizadas na Casa Branca, sob responsabilidade direta de Trump.

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde