O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta segunda-feira (28), em entrevista à Itatiaia, que a eventual aplicação da Lei Magnitsky pelos Estados Unidos contra autoridades brasileiras representaria um cenário “desastroso” para o país. A aplicação da legislação americana tem sido usada como ameaça aos ministros do Supremo Tribunal que julgam o ex-presidente Jair Bolsonaro por uma suposta tentativa de golpe de estado.
“Espero que isso não aconteça, porque seria desastroso ainda mais aqui para o nosso Brasil”, declarou o senador, ao ser questionado sobre a possibilidade de medidas mais duras por parte do governo norte-americano. Segundo Flávio, o ex-presidente Donald Trump possui “todas as cartas sobre a mesa” e pode usar diferentes instrumentos de pressão - de sanções diplomáticas a restrições comerciais - conforme a postura de governos estrangeiros.
A discussão sobre a aplicação da Lei Magnitsky ganhou força nos bastidores da política externa americana diante das denúncias de perseguição política a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado.
“A gente não está falando de nada militar hoje. As guerras agora são comerciais, são pressões com relação a parceiros. Mas, dependendo da reação que o Lula está tendo, ou da reação que o Alexandre de Moraes continuar tendo com relação à direita no Brasil, não dá para prever qual será o instrumento que o Trump vai usar”, afirmou o senador.
Eduardo Bolsonaro
Questionado sobre o papel do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na interlocução com os Estados Unidos, Flávio minimizou a influência do irmão no agravamento da crise diplomática entre os dois países. Para ele, Eduardo está sendo tratado como “bode expiatório” pelo governo Lula.
“O papel do Eduardo não é de negociação. O que ele fez foi levar informações ao governo dos Estados Unidos sobre a realidade do Brasil, e não aquela versão distorcida de que vivemos em uma democracia plena - porque não vivemos”, argumentou. Flávio acrescentou que Eduardo não tem o poder de influenciar decisões de Trump ou do governo americano:
“Não dá para achar que o Eduardo vai manipular o presidente Trump. Ele tem inputs de diversas pessoas e ouve todo mundo antes de tomar suas decisões. É absurdo dizer que meu irmão impede a negociação entre os dois países. Isso só mostra a incapacidade do atual governo de negociar”, disse.
A possibilidade de sanções internacionais voltou à pauta após Eduardo defender publicamente, em solo americano, que o governo dos Estados Unidos adote medidas contra ministros do STF e integrantes do governo Lula. O parlamentar, que está fora do país desde fevereiro, tem feito reuniões com aliados de Trump e defende uma “anistia ampla, geral e irrestrita” para os investigados por tentativa de golpe — incluindo seu pai, Jair Bolsonaro.