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Israel defende ataque contra o Hamas no Catar apesar da crítica de Trump

Ataque que causou mortes gerou reação dos EUA e de países árabes

O embaixador de Israel na ONU defendeu nesta quarta-feira (10) a ação militar de seu país contra os líderes do Hamas no Catar, que provocou uma crítica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao aliado israelense.

A Casa Branca expressou o descontentamento do presidente americano, e o próprio Trump destacou em sua plataforma Truth Social que a decisão foi tomada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e não por ele.

Washington também afirmou que havia alertado o Catar sobre o ataque, mas autoridades de Doha disseram que a informação chegou após a operação militar.

“Simplesmente, não estou muito contente com toda a situação”, disse Trump a jornalistas. Mais tarde, em sua rede social, elogiou o Catar como “um forte aliado e amigo dos Estados Unidos” e afirmou: “Eu me sinto muito mal pela localização do ataque”.

Justificativa de Israel

Em entrevista a uma rádio israelense, o embaixador do país na ONU, Danny Danon, afirmou: “Nem sempre agimos no interesse dos Estados Unidos”.

“Nós estamos em coordenação, eles nos dão um apoio incrível, nós apreciamos isso, mas às vezes tomamos decisões e informamos aos Estados Unidos”, acrescentou.

O diplomata reforçou: “Não foi um ataque ao Catar, foi um ataque ao Hamas. Não estamos contra o Catar, nem contra nenhum país árabe, atualmente enfrentamos uma organização terrorista”.

Segundo ele, “é muito cedo” para avaliar os resultados, mas a decisão foi “a correta”.

Mortes confirmadas

O Hamas afirmou que seis pessoas morreram no ataque, incluindo o filho de um de seus principais negociadores, Khalil al Hayya, mas os dirigentes de alto escalão sobreviveram.

O Catar relatou a morte de um de seus agentes de segurança e informou que as casas de vários membros do gabinete político do Hamas foram atingidas.

Catar promete seguir como mediador

O primeiro-ministro catari, xeque Mohamed bin Abdulrahman al Thani, declarou que o país continuará atuando como mediador no conflito ao lado do Egito e dos Estados Unidos.

No entanto, advertiu que se reserva “o direito de responder”. “Acreditamos que hoje chegamos a um ponto de inflexão. Deve haver uma resposta de toda a região”, disse.

Operação independente

Netanyahu explicou que ordenou os ataques após um atentado do Hamas em Jerusalém Leste, na segunda-feira (8), que matou seis pessoas.

Diante das críticas internacionais, o gabinete do premiê reforçou que a operação foi “totalmente independente”. “Israel iniciou, Israel realizou e Israel assume toda a responsabilidade”, afirmou.

Guerra em Gaza

Desde o início da guerra em Gaza, após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, Israel já havia atingido alvos no Irã, Síria, Líbano e Iêmen, mas até agora não tinha atuado no Catar.

A atual ofensiva coincide com a tentativa de Israel de tomar a Cidade de Gaza, a mais populosa do território palestino e já em grande parte destruída pela guerra.

O conflito começou com o ataque do Hamas contra o sul de Israel, que deixou 1.219 mortos, a maioria civis, segundo dados israelenses compilados pela AFP. A retaliação israelense já matou mais de 64.600 palestinos, também em sua maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas, cujos números são considerados confiáveis pela ONU.

*Com agências
(Sob supervisão de Aline Campolina)

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Izabella Gomes é estagiária na Itatiaia, atuando no setor de Jornalismo Digital, com foco na editoria de Cidades. Atualmente, é graduanda em Jornalismo pela PUC Minas