O presidente da França,
O serviço militar destina-se a jovens voluntários de 18 e 19 anos e terá duração de 10 meses. Os participantes serão remunerados com cerca de 800 euros mensais (aproximadamente R$ 4.970 ), conforme a Presidência francesa.
“Nossa juventude tem sede de compromisso. Existe uma geração pronta para se levantar pela pátria”, afirmou Macron em anúncio da medida durante a visita a uma brigada de infantaria em Varces, no sudeste da França.
O país suspendeu o serviço militar obrigatório em 1997, durante a presidência do conservador Jacques Chirac. A decisão acompanhou normas parecidas de outros países da Europa após a dissolução da União Soviética em 1991 e fim da Guerra Fria.
Contudo, a invasão russa da Ucrânia em 2022 trouxe as preocupações de volta à Europa. Atualmente, doze países europeus possuem um serviço militar obrigatório, enquanto outros decidiram instituir um voluntário.
“A aceleração das crises, o aumento das ameaças me levam a propor hoje um serviço nacional puramente militar”, disse Macron.
O anúncio ocorre após uma polêmica envolvendo o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o general Fabien Mandon. Na semana passada, o político pediu aos franceses que “aceitem perder seus filhos” em caso de conflitos na Europa.
O presidente francês esclareceu que os voluntários servirão apenas em “território nacional”, dois dias após garantir que não se tratava de enviar esses “jovens” para lutar na Ucrânia.
A maioria dos partidos políticos e dos franceses é favorável à reintrodução de um serviço militar. Conforme uma pesquisa de março da Ipsos, 33% das pessoas entrevistadas desejavam que fosse voluntário.
Dissuasão
As forças da França contam com cerca de 200 mil militares ativos e 47 mil reservistas. O objetivo é ampliar para 210 mil e 80 mil pessoas, respectivamente, até 2030.
A Revue Nationale Stratégique 2025, diretriz da França em matéria militar, recomendou o serviço voluntário para criar uma reserva de pessoas preparadas em caso de crise e também para “reforçar a coesão nacional”.
Em 2019, a França lançou o Serviço Nacional Universal (SNU) para jovens entre 15 e 17 anos, que incluía uma “missão de interesse geral” e jornadas “de coesão”, mas não teve grande sucesso. E o contexto internacional mudou.
A formação militar de cidadãos, além dos soldados profissionais, e o aumento dos gastos militares enquadram-se na estratégia dos países europeus de dissuadir Moscou de expandir sua guerra na Europa.
A França prevê destinar 413 bilhões de euros (2,56 trilhões de reais) em gastos militares entre 2024 e 2030, em um contexto de redução dos gastos para equilibrar as contas públicas.
Com o serviço militar voluntário, espera-se contar com 3 mil participantes na primeira turma de 2026 e 42.500 em 2035. O número pode alcançar 50.000 então, se incluídos outros dois programas de inserção já em andamento.
Os selecionados entre homens e mulheres voluntários de 18 e 19 anos corresponderão a 80%, enquanto os 20% restantes serão jovens de até 25 anos com um perfil mais especializado, como engenheiro, analista de dados, enfermeiro, etc.
A possibilidade de alistar-se no Exército para tornar-se soldado profissional continuará existindo.
Os voluntários passarão a integrar uma reserva operacional, o que implica que deverão estar disponíveis cinco dias por ano em caso de necessidade durante cinco anos.