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Crise no multilateralismo: o que a Assembleia Geral da ONU indica sobre essa questão?

A Assembleia Geral da ONU, realizada nessa semana em Nova York, mostrou que esse princípio vive um momento de fragilidade

80ª Assembleia Geral da ONU, realizada em Nova York, nos Estados Unidos

Com os recentes acontecimentos mundiais, como a dificuldade para chegar a consensos, a politização e o enfraquecimento de órgãos como o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), o multilateralismo está em xeque. Isso foi o que apontou o professor de Relações Internacionais da UNA, Fernando Sette Júnior.

O multilateralismo é um princípio das relações internacionais que tem como foco a cooperação entre múltiplos países para resolver problemas globais, promover interesses comuns e implementar políticas através de instituições internacionais ou acordos.

A Assembleia Geral da ONU, realizada nessa semana em Nova York, mostrou que esse princípio vive um momento de fragilidade, apontou o docente. Isso porque “enquanto alguns países defendem maior cooperação, outros, como os Estados Unidos de Trump, questionam abertamente a eficácia das instituições multilaterais”.

Vale lembrar que o presidente norte-americano fez várias críticas à ONU durante seu discurso na abertura da assembleia na terça-feira (23). Segundo ele, “palavras vazias não encerram guerras”.

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Com a fragilidade do multilateralismo, o bilateralismo e os arranjos “minilaterais” estão crescendo, segundo o professor. “Isso significa um mundo mais fragmentado, com acordos diretos sobre comércio, energia e defesa substituindo soluções multilaterais. Para o Brasil, isso traz oportunidades de se colocar como parceiro confiável em setores estratégicos, mas também pressões para escolher lados em disputas entre grandes potências”, apontou.

Apesar de estar fragilizado, os discursos na Assembleia Geral apontam que a maioria dos países-membros da ONU tentam fortalecer o multilateralismo.

“A maioria dos Estados-membros insiste na importância de manter e modernizar a cooperação global, especialmente em áreas como clima, tecnologia e segurança. Mas a prática enfrenta obstáculos, já que as grandes potências priorizam interesses próprios”, concluiu o professor.

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.