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As informações foram apresentadas no estudo “Impactos econômicos regionais e setoriais das elevações de tarifas de importações dos EUA e China anunciadas em março e abril de 2025”, que foi publicado pelo Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea) do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) nesta semana.
“Ao se instaurar um imposto sobre os importados, parte dos custos de produção (insumos produtivos) ficam mais caros, retraindo o nível de produção e, consequentemente, a atividade econômica. Para o caso dos EUA, esse argumento é mais notável, dado que o país aplicou tarifas para todas as regiões nessa simulação, reduzindo potenciais efeitos de substituição de parceiros comerciais. Já no caso da China, como o país apenas aplicou tarifas sobre os EUA, a metodologia captura mudanças nos padrões de comércio, indicando substituições de parceiros comerciais”, explicam os pesquisadores no estudo.
A pesquisa indica ainda que a União Europeia também seria afetada negativamente pelas tarifas impostas por Donald Trump, contudo, com redução de apenas 0,01% de seu PIB, equivalente a US$ 2,2 bilhões. O levantamento analisou 29 regiões e 46 setores da economia sob a perspectiva da estatística comparativa. Os Produtos Internos Brutos e demais valores-base utilizados na pesquisa refletem o ano de 2017, versão mais atual da base de dados disponível, o que pode significar que as perdas reais sejam ainda mais profundas.
Brasil pode sair mais rico
Enquanto as economias dos EUA, da China e da União Europeia devem sofrer quedas com o “tarifaço” de Donald Trump, o Brasil pode ter um leve incremento em seu Produto Interno Bruto. O aumento seria na ordem de 0,02%, ou cerca de US$ 350 milhões. De acordo com os pesquisadores, a ampliação seria uma consequência quase exclusiva do ganho em relação à produção e exportação de soja. Com exceção do setor, todos os demais, inclusive outros segmentos agropecuários, deverão sofrer “perdas significativas” em razão das medidas do presidente estadunidense.
“O setor industrial seria o mais afetado, estimando-se uma perda de US$ 3,5 bilhões, o que representaria um impacto adverso considerável na economia brasileira. O segmento de serviços também enfrentaria uma diminuição, com perda de US$ 375 milhões”, estima o relatório. “A elevada perda de exportações e produção da indústria brasileira sugere efeito de ‘desindustrialização’ na economia. Esse fenômeno teria consequências significativas nas perspectivas de crescimento e geração de empregos mais qualificados e com maior remuneração”, conclui.