Um criador de conteúdo conhecido por suas transmissões ousadas, conseguiu o que muitos achavam impossível: ele simplesmente quebrou o recorde mundial de maior tempo sem dormir.
Norme postou em suas redes sociais, que permaneceu acordado por impressionantes 264 horas e 56 minutos, o equivalente há 11 dias sem dormir. Apesar de seu efeito, a jornada foi marcada por controvérsias e preocupações com a saúde. O desafio foi exibido em uma live e ambulâncias foram chamadas na tentativa de conter o homem. Agora, ele está em outra live mostrando o sono após o feito.
O recorde anterior era de um estudante de 17 anos que, em 1964, passou 264 horas e 25 minutos sem dormir. Randy Gardner definiu a experiência e seus efeitos como “quase um Alzheimer precoce”.
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Tudo começou quando Norme decidiu desafiar os limites do corpo humano e superar o recorde de 453 horas, estabelecido em 1986 por Robert McDonald. No entanto, desde 1997, o Guinness World Records deixou de monitorar essa categoria devido aos riscos à saúde, o que não impediu Norme de tentar.
Durante sua maratona de vigília, ele enfrentou uma série de obstáculos. Após ser banido de plataformas como YouTube e Kick, Norme encontrou refúgio no Rumble, onde continuou sua transmissão. No entanto, a situação ficou ainda pior, quando a polícia foi chamada para verificar seu estado, seguida por ambulâncias, evidenciando a gravidade da tentativa.
Depois de mais de 11 dias sem dormir, Norme finalmente encerrou sua transmissão, prometendo retornar ao Twitch após se recuperar. Sua façanha reacende o debate sobre os limites das transmissões ao vivo e os riscos que os criadores de conteúdo estão dispostos a correr em busca de visibilidade.
Um fato curioso é que o nome deles ficará para sempre registrado no livro, já que o Guinness parou de registrar as tentativas de bater esse recorde por considerar que isso poderia colocar em risco a vida dos desafiantes.
O início dos 11 dias e 25 minutos — primeiro recorde batido
O caso que aconteceu em 1960, com os jovens Randy Gardner e Bruce McAllister. Os dois estudantes americanos estavam planejando um experimento científico para a escola onde estudavam. A ideia se tornou ainda mais interessante, pois a resposta para quanto tempo uma pessoa pode ficar sem dormir, poderia garantir a eles uma vaga no famoso Guinness Book, o livro dos recordes.
A jornada da dupla para responder essa intrigante indagação começou em janeiro de 1964. Sem chegarem a um consenso em qual dos dois se submeteria ao experimento, tiraram no cara ou coroa quem seria o escolhido. Randy foi o eleito e logo entraria no maior desafio que viveria em sua vida, no auge de seus 17 anos.
Para isso, ele teria que superar a marca que pertencia, até então, a um DJ de Honolulu, que ficou 260 horas acordado, dando pouco menos de 11 dias.
Mas qual estratégia eles usaram para bater o recorde?
Bom, nessa hora o que falou mais alto foi a inventividade da dupla. Bruce relembra que ele e Randy eram “muito criativos” e queriam fazer um experimento científico relacionado ao sono.
Nas três primeiras noites McAllister conseguiu ficar acordado monitorando o comportamento de seu amigo, porém, logo precisou descansar e pediu a outro colega, Joe Marciano, para que se juntasse ao experimento e assumisse seu lugar para monitorar Randy. O processo todo ocorreu nas casas dos pais de Bruce, em San Diego, Estados Unidos.
Fim do experimento
Por mais que a condução da pesquisa estivesse caminhando bem, a noite sempre era um desafio maior para eles, afinal, não dispunham da diversidade de atividades que poderiam exercer durante o dia. Junto com a luz do sol, por exemplo, eles jogavam muito basquete, o que ajudava Randy se manter sempre ativo.
Com o passar dos dias, o grupo percebeu mudanças evidentes em vários sentidos de Gardner, como no olfato, paladar e audição. Além disso, Randy passava por muitas alterações de humor, se estressando facilmente. Isso sem contar as diversas alucinações que teve durante o processo.
Gardner também mostrou alguns sinais de ataxia — uma incapacidade de repetir trava-língua simples — e ele achou difícil identificar objetos baseados apenas no toque. A partir daí, também teve problemas para se concentrar, formar memórias de curto prazo e tornou-se paranoico e irritado.
Cochilo após o recorde
Estabelecendo o recorde de 11 dias e 25 minutos, acordado, Gardner não pensou duas vezes e tirou um longo cochilo de mais de 14 horas ininterruptas. Entretanto, ao passar dos dias, o jovem logo foi regulando seu sono e conseguiu retomar sua rotina normalmente.
Em um primeiro momento, o garoto não sofreu nenhum problema, mas logo passou a sofrer com constantes insônias. Outro ponto notado se deu numa pesquisa mais minuciosa feita por meio de um computador enviado por um hospital do Arizona. A análise mostrou que partes do cérebro de Randy “mudaram de função”. Em outras palavras, algumas regiões de seu cérebro descansavam e eram repostas enquanto ele ainda estava acordado.
Além de um ótimo pontapé para estudos científicos, o estudo dos jovens também se tornou muito popular, sendo retratado em diversos veículos de imprensa da época.