Ouvindo...

Notícias da Guerra na Ucrânia: o que está acontecendo no conflito com a Rússia?

Bombardeio em ponte na Crimeia reaqueceu tensão entre os países; Rússia voltou a atacar após semanas

No dia 20 de fevereiro de 2022, começou oficialmente a ofensiva russa contra o território vizinho da Ucrânia, na Europa. Foram semanas de muita tensão, cenas de destruição e mortes em várias cidades, com soldados ocupando as ruas e bombas detonadas quase que diariamente. Poucos meses depois, entretanto, os ataques se tornaram cada vez menos frequentes.

Nesta segunda-feira (10), Kiev, capital ucraniana, voltou a ser alvo de fortes ataques russos. Após semanas sem investidas militares e clima “tranquilo” em várias cidades, esse foi tido como um dos piores bombardeios contra a Kiev desde o começo do conflito.

Segundo presidente da Rússia, Vladmir Putin, os mísseis lançados são uma resposta ao ataque contra uma ponte na Crimeia, no sábado (8). A península ucraniana foi anexada pelos russos em 2014, e atualmente serve como base de apoio militar da Rússia.

Por um lado, o governo da Ucrânia negou envolvimento na destruição da ponte. Por outro, Putin classificou o ato como “terrorista”, e disse que "é simplesmente impossível deixar crimes desse tipo sem resposta”.

“Se as tentativas de realizar ataques terroristas em nosso território continuarem, as respostas da Rússia serão duras e proporcionais ao nível de ameaças à Federação Russa. Ninguém deve ter dúvidas sobre isso”, alertou Putin.

Os ataques russos desta segunda-feira atingiram pontos importantes na Ucrânia, como Kiev, Lviv, Dnipro e Ternopil. No Twitter, o assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, Anton Gerashchenko, publicou imagens de locais danificados na cidade. Ele indica que ao menos dez ucranianos morreram, e mais de 60 estariam feridos - números ainda não consolidados.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, disse que foguetes atingiram alvos no centro da cidade, e pediu que moradores de bairros periféricos fiquem longe da região. A embaixada brasileira na cidade divulgou nota pedindo que os brasileiros no país permaneçam “em local protegido enquanto durarem os alertas de ameaça aérea”.

Por que a Rússia invadiu a Ucrânia?

A anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, foi um fator de grande tensão entre os países, mas não foi diretamente responsável pela invasão do governo de Vladmir Putin neste ano. Um dos motivos tidos como decisivo foi a possibilidade de a Ucrânia fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança militar internacional em que os países membros concordam com uma defesa mútua em resposta a um ataque por qualquer entidade externa à organização.

Dessa forma, países do Ocidente, especialmente da União Europeia, e os Estados Unidos, estariam mais próximos da Ucrânia, e a influência russa seria cada vez menor sobre o território ucraniano. Com a “proteção” da Otan sobre a Ucrânia, o país teria maior capacidade militar, e potencialmente seria uma ameaça aos russos.

Somando esse clima de tensão à situação da Crimeia e à possível aproximação ucraniana com forças ocidentais, a Rússia começou a invasão como retaliação ao que poderia se tornar uma ameaça à imposição dos russos na região.

Quantas pessoas fugiram da Rússia e da Ucrânia por conta da guerra?

Segundo levantamentos da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), mais de 5 milhões de ucranianos deixaram o país desde fevereiro, naquele que é o maior êxodo civil desde a Segunda Guerra Mundial.

Os destinos para refúgio mais procurados estão na fronteira ocidental, como Polônia, Eslováquia, Hungria e Romênia. Há ainda aqueles que não deixam a Ucrânia, mas se mudam para regiões do país onde a tensão é menor. Esse número gira em torno de 7 milhões de pessoas.

Do outro lado do conflito, o número de pessoas que fugiram da Rússia também é expressivo. Em setembro, Vladmir Putin anunciou uma mobilização parcial militar de reservistas para servir na ofensiva à Ucrânia. Centenas de milhares de russos deixaram o país para não se juntarem ao exército, com base em informações de territórios vizinhos, já que o número exato não é conhecido ou oficialmente divulgado.

O Kremlin negou, na semana passada, que o número de russos que fugiram do país chegara a 700 mil. Entretanto, o forte êxodo é percebido a partir do aumento nas viagens registradas para países vizinhos.

Jornalista formado na PUC Minas. Experiência com reportagens, apresentação e edição de texto em televisão, rádio e web. Vivência em editorias de Cidades e Esportes.
Leia mais