Nesta terça-feira (19), é o dia da fotografia. Em um mundo digital, as imagens abandonaram os álbuns físicos estão nas memórias dos aparelhos, nas nuvens ou nas redes sociais. Na internet, um blog reúne imagens do município em diferentes tempos, inclusive registros de uma Juiz de Fora que não existe mais.
É o blog Maria do Resguardo, criado e administrado por Marcelo Lemos desde 2009. Ele contou que a ideia começou a partir de uma curiosidade pessoal, que repercutiu quando outras pessoas viram as fotos.
“Eu procurava fotos antigas de Juiz de Fora e nunca conseguia achar. E as fotos que eu via na internet, a qualidade era muito baixa, muito ruim. eu ficava invocado com aquilo. Por que o pessoal não expõe os seus arquivos, os colecionadores de Juiz de Fora não gostam? Aí eu comecei a comprar fotos. Comprava uma aqui, uma dali. Um belo dia, eu montei um blog e publiquei algumas fotos. A repercussão foi imediata. ‘Nossa, que foto bacana’, ‘nunca consegui essa foto’. Eu não esperava que fosse tão imediato. Aí com aquilo veio na minha cabeça, então vou publicar mais e foi crescendo o blog”.
Com um nome que veio “na cabeça do nada” e se tornando conhecido, o blog começou a ser procurado por colecionadores que cederam fotos para serem publicadas.
“Um amigo falou ‘não sabia que você gostava de foto antiga’, não? Eu tenho algumas lá em casa, você quer? O nome dele é Ramon Brandão, artista plástico. Aí ele chegou com um monte de foto, inclusive que ele andou tirando as fotos em vistas fora de vários lugares maravilhosos. Aí aumentou mais o acervo do blog. Aí com isso, outras pessoas foram aparecendo e fornecendo essas fotos. Eu ainda compro fotos até hoje. Tem fotos muito difíceis de achar. Eu compro fotos até hoje. Aí coloco no blog, eu vou devagarzinho”.
Ouça a entrevista de Marcelo Lemos a Roberta Oliveira
Memória e afeto
Atualmente o acervo do “Maria do Resguardo” tem entre 3 mil e 5 mil fotos. Cada uma delas guarda história e memórias. Uma história tocou Marcelo Lemos.
“Uma foto que me chama atenção, foi uma que eu publiquei do campo do Lamaçal, do Bom Pastor. Era um time de futebol de lá que eu publiquei. Aí tinha uma menina com a bandeira do clube, né? Aí eu publiquei essa foto. Aí, do nada, alguém respondeu que aquela pessoa que estava na foto ficou muito feliz em ter visto a foto. Ela estava com 90 e poucos anos. E ela ficou muito feliz por relembrar a juventude dela. Aquilo me emocionou, me causou, sim, uma felicidade imensa”.
Registro de 1º de outubro de 1939 no campo Mangueira F.C. no Lamaçal, atual Bairro Bom Pastor
Marcelo Lemos fala sobre como é ser um álbum afetivo de registros de uma Juiz de Fora que a gente não vê mais.
“É interessante porque as pessoas que viveram aquela época, se sentem felizes em recordar aquele passado. E as pessoas que não conheciam ficam abismados como o Juiz de Fora mudou. Até nos anos 1980, a Rio Branco era repleta de casas antigas”.
Com tantas fotos já no acervo, ele revela qual imagem gostaria de conseguir para o Maria do Resguardo. “Eu acho que seria o Largo do Riachuelo, quando tinha um lago ali. Tinha um lago no Parque Halfeld também, eu gostaria de um arquivo nesse nível. Também tinha um lago ali na Avenida dos Andradas, tinha um lago ali também. Seria interessante ter esse arquivo”.
Juiz de Fora completou 175 anos. Marcelo Lemos analisa qual imagem pode cristalizar o nosso momento atual, para quem estiver lá no futuro olhar e falar “Juiz de Fora era assim nos anos 2020, 2025”.
“Ah, são várias imagens. Por exemplo, Juiz de Fora nos anos 1980 é uma, dos anos 1990 é outra. Getúlio Vargas, por exemplo, mudou muita coisa em cinco anos. Então, tipo assim, cada local de Juiz de Fora é uma surpresa”.
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