Minas Gerais é uma verdadeira mina de tesouros da nossa cultura. Em cada município, podemos observar um tesouro diferente que complementa esse nosso leque cultural. E o tesouro apresentado nesta semana, no Profissão Gastronomia, é a jabuticaba de Sabará.
E tudo começou com a chegada de uma baiana, Meire Ribeiro, que foi para Sabará, há 24 anos, com a família, acompanhar o marido que trabalhava na mineração da cidade.
E, desde o início da sua chegada, passou admirar a cidade e a se interessar pelas atrações que acidade oferece. E foi em um destes momentos, que percebeu as riquezas gastronômicas produzidas na cidade, através das receitas passadas de “mãe pra filho”, tendo como matéria prima, a jabuticaba.
Meire criou a primeira cooperativa de artesanato da cidade mas percebeu que com mais informações, os trabalhos poderiam ser aperfeiçoados e multiplicados.
“Os produtores preparavam tudo para o famoso Festival da Jabuticaba, mas não tinha uma capacitação técnica para expandir e melhorar a sua produção e venda dos produtos”, afirmou Meire.
Então Meire resolveu ajudar esses pequenos produtores, buscando conhecimento técnico e experiência, por meio de um treinamento específico de aperfeiçoamento nos processos de fabricação.
O treinamento chamou a atenção dos produtores locais que foram fazer o curso, porém, uma vaga ficou em aberta e, Meire resolveu fazer o cursor, mesmo sem conhecer nada sobre a produção de derivados da jabuticaba.
Já durante o curso, Meire foi se apaixonando, ainda mais pela fruta e pela possibilidade da diversidade de produtos criados a partir da jabuticabas.
Meire então percebeu que aquele “trabalho de quintal” poderia ter um viés empreendedor, e começou a produzir no seu apartamento. Logo na primeira arremessa, foram produzidos 200 potes de geleia e 200 garrafas de licor, que foram vendidos no festival da cidade. Porém o trabalho de subir e descer os quatro andares do prédio, e a visão de expansão dos negócios, a fizeram levar toda produção para um imóvel que pudesse comportar toda fabricação e armazenamento.
Segundo Kátia, era um sofrimento subir com a jabuticaba, o açúcar, os tachos e os potes. Era uma luta!
Produção
Assim nasceu a Sabarabuçu, empresa familiar que revolucionou o processo de fabricação dos derivados da jabuticaba sem perder aquele sabor de produto caseiro.
Atualmente, são utilizadas 30 toneladas de jabuticabas por ano, para a fabricação de mais de 28 produtos, sendo eles molhos, geleias, doces, bebidas, além dos produtos zero açúcar, para atender um publica mais específico.
Da jabuticaba se aproveita tudo; casca, caroço e polpa. A fruta é embaladas a vácuo para manter as propriedades, e armazenadas em uma câmara frigorífica. Com esse material é feito o extrato da jabuticaba e só depois, que é realizado todo processo de produção dos demais produtos.
Um dos produtos que mais se destaca é a mostarda de jabuticaba. O processo de fabricação deste molho é feito cuidadosamente pois as sementes da mostarda tem um sabor muito marcante e, para não sobressair mais que a jabuticaba, é necessário atenção e amor durante o preparo;
Segundo Meire, o sabor desde molho é tão especial que faz de um prato simples, a uma experiência elaborada.
Junto de todo ciclo de produção e comercialização é potencializado, além da marca Sabarabuçu, o nome de Sabará e sua fama com os produtos a partir da jabuticaba e outras marcas local.
A empresa conta com 90% da mão de obra formada por mulheres, e recebeu o selo de Agricultura Familiar Mulher por valorizar a mão de obra local feminina e, reconhecendo o valor do trabalho das primeiras produtoras que, dentro de suas casas, começaram a tradição de fabricar as compotas de jabuticabas.
A Sabarabuçu é o maior produtor de derivados de jabuticaba do Brasil e, no mês de novembro, fez a sua primeira exportação de derivados para os EUA, sendo um novo marco na empresa que já tem mais de 15 anos de trabalhos.
“O próximo foco será exportar para a Europa, porque cada vez mais tem que valorizar o que é nosso.
A Sabarabuço é uma empresa pequena mas já tem alcançado o Brasil inteiro e quer alcançar o mundo”, destacou Meire. Clara Senra e a idealizadora da Sabarabuçu, Meire Ribeiro