O “Dream Team 2.0” cumpriu seu objetivo no basquete masculino na Olimpíada de Paris. A seleção dos Estados Unidos venceu a anfitriã França por 98 a 87 neste sábado (10), na final olímpica na Bercy Arena, e conquistou a medalha de ouro.
O time comandado pelo armador Stephen Curry e pelos alas LeBron James e Kevin Durant viu uma França forte no primeiro tempo, com jogo equilibrado. No segundo, o “novo Dream Team” conseguiu abrir vantagem de 14 pontos, mas os franceses reagiram no último período e cortaram para 3.
Contudo, os Estados Unidos mostraram sua força e concretizaram a vitória, com Curry decisivo. O armador terminou como cestinha dos EUA, com 24 pontos e oito cestas de 3.
Foi o quinto ouro olímpico seguido dos EUA. A França subiu ao pódio com a medalha de prata, e a Sérvia terminou com o bronze. A Alemanha foi a quarta colocada da Olimpíada.
Os EUA levaram o ouro pela 17ª vez na história dos Jogos Olímpicos. A França somou a quarta medalha, todas de prata, e a Sérvia somou o segundo pódio na história do país.
França 87 x 98 Estados Unidos
França
Frank Ntilikina, Isaia Cordinier, Nicolas Batum, Guerschon Yabusele e Victor Wembanyama; Andrew Albicy, Evan Fournier, Nando De Colo, Mathias Lessort, Rudy Gobert, Matthew Strazel e Bilal Coulibaly. Técnico: Vincent Collet
Estados Unidos
Stephen Curry, Devin Booker, Kevin Durant, LeBron James e Joel Embiid; Anthony Edwards, Jayson Tatum, Jrue Holiday, Bam Adebayo e Anthony Davis. Técnico: Steve Kerr
Destaques do jogo
- Stephen Curry (EUA): 24 pontos, 1 rebote e 5 assistências
- LeBron James (EUA): 14 pontos, 6 rebotes e 10 assistências
- Victor Wembanyama (FRA): 26 pontos, 7 rebotes e duas assistências
Data e horário: sábado, 10 de agosto de 2024, às 16h30 (de Brasília)
Local: Bercy Arena, em Paris-FRA
Arbitragem: Antonio Conde (ESP), Julio Anaya (PAN) e Wojciech Liszka (POL)
Transmissão: sportv 2 e CazéTV
A campanha
Os EUA avançaram aos mata-matas como líderes do Grupo C, após vitórias dominantes sobre a mesma Sérvia, Sudão do Sul e Porto Rico. Depois, o “Dream Team 2.0" despachou o Brasil nas quartas de final. O triunfo com menor diferença de pontos foi de 17, até a semifinal.
Na semifinal, o time norte-americano provou sua força. Os EUA perdiam por 17 para a Sérvia e, em virada histórica, venceram na última quinta-feira (8) por 95 a 91.
A montagem da equipe
Uma série de fatores motivou a formação do “novo Dream Team”. Após a conquista da medalha de ouro em Tóquio 2021 (o quarto título seguido) com uma equipe forte e liderada por Durant, os Estados Unidos mantiveram uma tendência de atuar em Copa do Mundo com uma equipe jovem.
Em 2023, com jogadores em ascensão, como o ala-armador Anthony Edwards, os EUA decepcionaram pela segunda vez seguida em um Mundial ao caírem na semifinal dos Jogos Olímpicos para a futura campeã Alemanha. Para piorar, o “Team USA” perdeu a disputa pelo terceiro lugar para o Canadá.
Na edição de 2019 do Mundial, mantendo a linha de convocar jovens jogadores destaques da NBA, os Estados Unidos foram ainda pior, caindo nas quartas de final após derrota para a França. Essas derrotas e outros pontos, como o número de estrangeiros de destaque na NBA, fizeram com que o basquete dos EUA fosse questionado.
O ponto alto foi quando o corredor estadunidense Noah Lyles, bronze em Tóquio nos 200m e atual campeão mundial nos 100m, 200m e 4x100m, disparou contra as equipes da NBA. O atleta, ouro nos 100m e bronze nos 200m em Paris 2024, questionou o fato de as franquias serem consideradas campeãs mundiais na NBA.
“Sabe o que mais me incomoda? É o fato de eu assistir as finais da NBA, e eles terem ‘campeões mundiais’ nos telões. Campeões mundiais de quê? Dos Estados Unidos? Não me levem a mal, eu amo os Estados Unidos, às vezes, mas não são o mundo”, disse, em agosto de 2023, durante o Mundial de Atletismo.
“Esse não é o mundo, nós (Mundial de Atletismo) somos o mundo. Temos quase todos os países aqui lutando e colocando sua bandeira no peito, mostrando o que estão representando. Não há bandeiras na NBA”, completou.
A declaração gerou reações diversas no nas pessoas ligadas ao basquete. Elas ganharam ainda mais eco dias depois, quando os EUA caíram para a Alemanha no Mundial.
A partir de então, aliado ao fato de possivelmente ser a última possibilidade de disputa olímpica de LeBron James, o “Rei” começou a se mostrar aberto ao fato de estar em Paris junto de outras estrelas. Montar uma equipe das mais fortes possíveis era a ideia, logo aceita por Curry e Durant, por exemplo.
Com o passar do tempo, vários outros jogadores começaram a ver com bons olhos a disputa. Há uma dificuldade cultural da NBA com torneios que ocorrem durante as férias da liga, especialmente pela preocupação com lesões e divergências com a Federação Internacional de Basquete - Fiba.
A seleção
Com isso, para muitos, o time convocado foi o melhor possível - salvo algumas ressalvas. Pelas redes sociais, usuários questionaram o fato de o armador Kyrie Irving ser esnobado, além de outros nomes, como Trae Young.
Originalmente, foram 16 títulos de NBA entre os convocados da Seleção Estadunidense para a Olimpíada, além de oito MVPs de temporada regular e inúmeras seleções ao All-Star Game do melhor basquete do mundo. A seleção, comandada pelo técnico Steve Kerr, do Golden State Warriors, chegou a ser comparada com o conhecido “Dream Team” de 1992.
O time estadunidense não venceu o ouro olímpico desde 1992, com Michael Jordan, Magic Johnson, Larry Bird na equipe somente em Atenas 2004. Na ocasião, a equipe do armador Allen Iverson e do ala-pivô Tim Duncan ficou com a medalha de bronze. Por conta disso, o time de Pequim 2008 ficou conhecido como “time da redenção” após a conquista do ouro.
Após a apresentação da equipe, houve somente um corte: em consenso com o Los Angeles Clippers por preocupação com lesão, o ala Kawhi Leonard deu lugar ao ala-armador Derrick White, do Boston Celtics. Novamente, a escolha foi questionada por alguns, já que o atual MVP das finais da NBA, Jaylen Brown, dos Celtics, ficou de fora.