O flamenguista Richard Bastani, de 50 anos, continua no CTI após ser agredido por atleticanos ao chegar em um bar com a filha e o genro, após o título do Flamengo sobre o Atlético, na Copa do Brasil, no último domingo (10). Em entrevista à Itatiaia, nesta quinta-feira (14), o representante comercial e psicólogo refletiu sobre as agressões e disse que grande parte da sua família é atleticana.
“Primeiramente, eu queria dizer que o que eu vou falar aqui não tem nada a ver com o time do Atlético, nem com a imensa grande maioria da torcida do Atlético da qual fazem parte minha esposa, meus irmãos, muitos amigos meus e eu acho que até meu pai”, iniciou.
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Para Richard, a violência que sofreu não está ligada somente ao futebol, mas também a uma sociedade que está doente.
“Isso não é um problema de futebol, isso é um problema social. Algumas pessoas acham que podem compensar suas frustrações agredindo fisicamente os outros que pensam diferente, que se vestem diferente, que torcem para times diferentes”, disse.
“A gente precisa muito de uma sociedade com mais saúde mental. Eu sou da área da saúde mental e eu sei que, literalmente, a nossa sociedade está no CTI da Saúde Mental. Então é preciso a gente tomar muito cuidado e repensar isso aí”, completou.
Apoio
Richard revelou, também, que sua esposa recebeu uma ligação do presidente do Atlético, Sérgio Coelho.
“Sou muito grato ao presidente do Atlético, Sérgio Coelho, que fez contato com a minha esposa por telefone, para saber se estava tudo bem, se precisava de alguma coisa. Isso mostra a grandeza que esse homem tem. Que bom que o Atlético está nas mãos de um presidente bom assim”, contou.
O flamenguista que teve uma fratura no rosto, uma lesão no globo ocular e um traumatismo craniano disse acreditar na sua recuperação e agradeceu o apoio que está recebendo.
Entenda o caso
Richard Bastani foi espancado por atleticanos em um bar na Avenida Sebastião de Brito, no bairro Dona Clara, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, após o pentacampeonato da Copa do Brasil do Flamengo, conquistado sobre o Atlético, no último domingo (30), na Arena MRV, em BH.
Após assistir ao jogo com o genro cruzeirense em uma quadra de areia no bairro Santa Tereza junto com a torcida Fla BH, Richard foi comemorar o título com a filha e o namorado dela em um bar já frequentado pela família. A menina não pôde ver nenhum dos dois jogos da final com o pai, pois estava fazendo o Enem.
Ao chegarem no bar no bairro Dona Clara, a família estava procurando uma mesa para se instalarem quando Richard foi atingido por um líquido nas costas. Quando virou para ver de onde havia sido o ataque, foi surpreendido com um soco no rosto e depois foi covardemente espancado.
Três suspeitos, de 37, 35 e 32 anos, foram presos pela Polícia Militar.
“Quando comecei a trançar entre as mesas, passei a escutar os gritos, algumas palavras de baixo calão e músicas relacionadas à torcida do Flamengo, mas não liguei. Em seguida, recebi um copo nas costas com líquido que devia ser cerveja”, lembrou o torcedor, relatando ainda que o primeiro golpe foi dado quando ele se virou para ver de onde tinha vindo o objetivo que acertou as costas.
“Tomei um soco no rosto, que me derrubou. Foi um soco muito forte. Deve ter sido isso que atingiu o olho direito. Caí e meu reflexo foi de botar as mãos no chão e levantar, para ver o que estava acontecendo e para me defender. Aí visualizei um cidadão de barba, com camisa do Atlético, armando um chute. A primeira intenção que tive foi de botar o braço na frente do rosto. A partir desse momento, já não vi mais nada. Acordei com a PM me colocando no camburão (viatura) e me levando para o Hospital Risoleta Neves, onde fui bem atendido”, disse.
A Itatiaia tenta contato com a defesa dos envolvidos.