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BR-381: concessão da ‘Rodovia da Morte’ pode ter edital publicado nesta semana

Reportagem especial mostra os principais problemas e histórias envolvendo mortes na rodovia

Reportagem especial mostra principais problemas e histórias envolvendo mortes na rodovia

Na próxima quinta-feira (6), o Governo Federal irá divulgar o edital de privatização da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, conhecida como a “Rodovia da Morte.” Nesta primeira etapa, as empresas vão analisar o edital e o leilão está previsto para outubro. Após décadas de espera, a privatização pode acontecer com previsão de melhorias no trecho que será duplicado.

A BR-381, no sentido Espírito Santo, é a principal opção para quem deseja viajar rumo às regiões mineiras do Vale do Aço, Leste do estado e Vale do Rio Doce, além de ser uma rota importante para quem segue em direção ao litoral capixaba e Sul da Bahia.

Na saída do Anel Rodoviário, no bairro Jardim Vitória região Nordeste de Belo Horizonte, o motorista já tem uma ideia do que vai encontrar no trajeto entre Belo Horizonte e Governador Valadares. O trecho, de pista simples, é marcado por asfalto esburacado e remendos desnivelados que testam a paciência do condutor até Caeté, região metropolitana de BH, onde começa o trecho duplicado.

Às margens da rodovia, o borracheiro Cláudio dos Santos Gomes, que trabalha no estabelecimento que atende 24 horas, detalha a reclamação dos motoristas:

“Têm reclamado por algumas coisa que têm faltado, a pista curta, estreita, muitos caminhões na pista e aí não têm condição de fluir um trânsito bacana.”

Cláudio Santos também fala sobre os danos nos veículos causados pelas más condições da pista.

“Algumas pessoas estão reclamando dos buracos, “tá" empenando roda, furando pneu, estourando. Sempre gera aquele acidente, que estoura o pneu de um carro (da frente) esse carro para, o outro vem e costuma colidir atrás.”

Em vários trechos mais perigosos entre BH e João Monlevade, um grupo de socorristas voluntários atua há 18 anos para ajudar naquele momento de socorro imediato às vítimas após o acidente. O trabalho que começou pequeno, atualmente conta com uma boa estrutura com quatro ambulâncias de regaste e várias equipes de médicos enfermeiros.

O fundador do grupo Anjos do Asfalto, Marcos Campolina, explica o motivo da criação da entidade.

“O grupo surgiu por volta de 2003 para 2004 pela número grande de acidentes e pela resposta, às vezes, muito demorada, não pelos bombeiros não terem capacidade de atendimento. O Bombeiro Militar na época trabalhava muito... tinha o Samu mas eram poucas unidades e, às vezes, tinham acidentes no trecho longo, que quem atendia era o terceiro batalhão (da Pampulha) e o pessoal tinha dificuldade de chegar no local. Então, como a gente já estava em trecho mais conhecido, como os acidentes mais graves a gente chegava muito rápido e dava a primeira resposta, sempre com enfermeiro e técnico em enfermagem para poder esperar o transporte pelos bombeiros ou pelo Samu.”

Marcos Campolina também fala que ao longo do tempo o trabalho do Anjos do Asfalto foi se aperfeiçoando:

"É, foi aperfeiçoando, foi ganhando mais nome. O Anjos do Asfalto ganhou muito nome na época que se deu muito acidente aqui... porque tinha muito buraco na rodovia. Pra mim é uma rodovia que não é perigosa, mas tem curvas sinuosas e motorista não respeita os limites de velocidade, nem as placas de identificação e de segurança.”

Campolina destaca as impudências e condições do motorista.

“Ultrapassa pela direita, às vezes tá muito cansado, tem “essa dificuldade” que o motorista encontra. É um querendo ser mais esperto que o outro. Então, o número de acidente tava crescendo muito depois que asfaltaram a rodovia e tiraram os buracos quando era para melhorar... pois aí o motorista viu um campo de visão melhor, estrada boa, acelerava muito e acabava chegando em uma curva muito fechada, não dando conta de fazer a curva, aí a tragédia acontece.”

Foi justamente por não conseguir fazer a curva que um carro capotou na BR-381, no trecho duplicado altura do KM 400 entre Caeté e Nova União. Esse foi o primeiro acidente que a Itatiaia presenciou. O ocorrência tinha acontecido na tarde anterior. O gerente do posto de combustível Pousada 65, Hernane Moreira, presenciou o fato:

“Parece que uma motorista estava vindo, descontrolou e capotou entre as duas pistas. Ela foi socorrida, teve algumas lesões leves e parece que está aparentemente bem.”

Hernane Moreira ainda afirma que o trecho é muito perigoso:

“Muito perigoso, muito perigoso! Tem uma parte que está duplicada, mas acredito que ainda faltam algumas sinalizações como radar... essa descida da serra, até chegar em Bom Jesus do Amparo, os caminhões chegam aqui no posto com freio quente, sabe?! Porque a descida é muito pesada, às vezes o motorista solta chega aqui embaixo o trânsito está parado e eles tentam segurar o caminhão, às vezes porque esquenta muito o freio, então corre o risco de causar acidentes mais graves.”

DNIT

O DNIT esclarece, por meio de nota, “que em todos os segmentos citados fora do trecho já duplicado, o Departamento mantém contratos de manutenção rotineira, com serviços de tapa-buracos, recapeamento, manutenção dos dispositivos de drenagem e roçada da vegetação às margens da rodovia. Em algum ponto específico podem ter surgido buracos, os quais são prontamente reparados pelas empresas contratadas. “

Sobre os problemas apresentados nos trechos duplicados, o DNIT reforça que “instaurou processo de apuração de responsabilidade, uma vez que considera a possibilidade de que a empresa que realizou as obras não teria cumprido integralmente o contrato, entendendo que no caso de execução inadequada, vigora a garantia.”

Com relação aos taludes, “o Departamento ressalta que monitora a situação e, em caso de instabilidade e ocorrências que ofereçam risco aos usuários, realiza os serviços necessários, garantindo a segurança na rodovia.”