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Quadro de Diego Hypolito requer atenção e pode piorar no BBB 25, diz médica

Entenda como reality shows de confinamento, como o BBB 25, podem piorar quadro de quem é asmático e o que pode ser feito para aliviar sintomas

Em menos de uma semana, Diego Hypolito sofreu duas crises de asma no BBB 25 e precisou de atendimento médico. A primeira delas ocorreu após o ex-ginasta participar de uma Prova do Líder que exigia muito esforço, e a segunda quando voltou do Paredão e ficou bastante emocionado.

No reality show, Daniele Hypolito chegou a contar que havia muito tempo que o irmão não sofria com fortes crises de asma. Depois da Prova do Líder, ela chegou a ficar extremamente preocupada com Diego, que foi atendido por uma equipe no confessionário.

Michele Andreata, médica pneumologista e paliativista, explica como o confinamento pode ser prejudicial para quem é asmático e o que pode ser feito para aliviar os sintomas.

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Confira a entrevista:

Pensando em confinamento, como o BBB, quais elementos podem influenciar para o aumento das crises de asma?

“Ambientes de confinamento, como o do Big Brother Brasil, podem conter múltiplos fatores de risco para descompensações asmáticas. A exposição contínua a alérgenos ambientais — como poeira acumulada, ácaros, mofo e produtos de limpeza com odor forte, favorece a inflamação das vias aéreas. Além disso, o estresse emocional aumentado e as variações bruscas de temperatura são gatilhos importantes para crises de asma, principalmente em indivíduos com asma de difícil controle ou grave.”

O Diego Hypolito passou por algumas crises na casa. Uma delas após grande esforço em uma Prova do Líder e outra após fortes emoções ao voltar de um Paredão. Este tipo de programa pode piorar esses sintomas?

“Sim. A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, com mecanismos complexos que envolvem hiperresponsividade brôquica. Tanto o exercício físico intenso quanto o estresse emocional podem ser gatilhos potentes para exacerbações. No contexto do programa, há privação do controle ambiental, exposição a estímulos inesperados, competição constante e alta carga emocional. Esses elementos favorecem a liberação de mediadores inflamatórios e o aumento da reatividade brônquica, tornando o ambiente propício para descompensações em pacientes com asma.”

O que pode ser feito para aliviar os sintomas e o participante não ser prejudicado em dinâmicas que exigem grande esforço?

"É essencial que o participante tenha acesso a seu plano de ação individualizado para asma, conforme recomendado pelas diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia. Isso inclui uso regular da medicação de controle (corticoides inalatórios, com ou sem broncodilatadores de longa ação), além da disponibilidade imediata de broncodilatador de resgate. A profilaxia com broncodilatadores antes de esforço físico, aliada ao aquecimento adequado, também reduz o risco de broncoespasmo induzido por exercício. O monitoramento de sintomas e, se possível, do pico de fluxo expiratório, pode auxiliar na prevenção de crises mais graves.”

A asma pode evoluir para quais doenças? Em que casos isso ocorre?

“A asma não tratada ou mal controlada pode evoluir com remodelamento das vias aéreas, resultando em limitação fixa ao fluxo aéreo, o que piora a sensação de falta de ar. Em casos crônicos, pode haver sobreposição com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), especialmente em pacientes fumantes ou com exposição ambiental significativa. Essa condição é conhecida como síndrome de sobreposição asma-DPOC (ACOS). Além disso, pacientes com asma grave têm risco aumentado de hospitalizações, absenteísmo ao trabalho, e redução significativa da qualidade de vida, podendo desenvolver ansiedade e depressão associadas à doença crônica.”

Algo que gostaria de acrescentar ou esclarecer?

"É importante reforçar que a asma é uma doença tratável, e a adesão ao tratamento baseado em evidências é fundamental para o controle adequado. Estratégias educativas, reconhecimento precoce de sintomas e acompanhamento com equipe especializada são pilares da abordagem eficaz. Mesmo em ambientes adversos, como o confinamento, é possível minimizar riscos com preparo adequado e suporte médico contínuo. A visibilidade de casos como o de Diego Hypolito é relevante para conscientizar a população sobre a seriedade da asma e a importância de sua abordagem individualizada.”

Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.
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