A fronteira entre a Palestina e o Egito tornou a ser fechada pelas autoridades locais nesta sexta-feira (10) pela manhã, no horário de Brasília, segundo confirmou o embaixador brasileiros em Israel, Frederico Meyer. A interrupção do fluxo migratório pelo posto fronteiriço em Rafah afeta diretamente um grupo com 34 brasileiros e parentes palestinos, que aguardam a reabertura para sair de Gaza. Essas pessoas esperaram nove dias, desde a publicação da primeira lista de estrangeiros autorizados a atravessar a fronteira, para receber a permissão necessária para cruzar da Palestina para o Egito.
No grupo estão 27 brasileiros e sete parentes deles. Essas pessoas partiram das cidades de Rafah, Khan Yunis, Deir al-Balah rumo à fronteira, onde estão desde às 2h de sexta-feira, no horário de Brasília — 7h no horário local. A previsão é que, assim que atravessarem, essas pessoas sejam resgatadas pela equipe brasileira que irá levá-las até o avião presidencial, de onde o grupo partirá rumo à capital Brasília.
À GloboNews nesta sexta, o secretário nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho, afirmou que o grupo permanecerá duas noites nos alojamentos da Força Aérea Brasileira (FAB). Pelo menos metade das pessoas não têm familiares no Brasil; nesses casos, elas serão enviadas a um abrigo humanitário no interior de São Paulo. “Estamos preparados para manter o acolhimento no tempo necessário para que essas pessoas, que não têm familiares no Brasil, possam ser integradas à sociedade. Estamos prontos para recebê-los”, afirmou Arruda Botelho. “[O abrigo] é um local com experiência longa na recepção de estrangeiros e de refugiados. O objetivo é garantir que eles sejam integrados e repatriados”, acrescentou.
Operação para retirada de brasileiros em Gaza completa um mês sem sucesso
Três dias após a eclosão das ofensivas de Israel e dos terroristas do Hamas, em 7 de outubro, o Brasil negociou a contratação de um ônibus para retirar os brasileiros do território de Gaza, área mais afetada pelos bombardeios e ataques terrestres israelenses. Essa primeira movimentação para resgatar os brasileiros moradores da Palestina em meio à guerra no Oriente Médio completa um mês nesta sexta-feira, mas, sem sucesso. Transcorridos os 30 dias, o governo ainda articula a retirada do grupo, que finalmente aconteceria nesta sexta-feira.
O clima na fronteira entre o território palestino e o Egito é tenso. No último dia 1º, as autoridades egípcias deram início à operação para abertura da passagem fronteiriça de Rafah para a travessia dos estrangeiros autorizados a ingressar no território. Os brasileiros não constaram nas primeiras listas publicadas pelas autoridades locais, e, após pressão do Itamaraty, o chanceler israelense Eli Cohen garantiu ao ministro Mauro Vieira, na sexta-feira passada (3), que os brasileiros sairiam de Gaza até 8 de novembro. Entretanto, no sábado (4), o Egito suspendeu a travessia de estrangeiros e moradores de Gaza pelo posto de Rafah após um ataque do governo israelense a uma ambulância do Crescente Vermelho. A passagem foi reaberta dois dias depois, na segunda-feira (6).
Nessa quinta-feira (9), os nomes dos brasileiros foram publicados na lista dos estrangeiros com permissão para atravessar para o Egito. Entretanto, com o novo fechamento da fronteira nesta sexta-feira (10), não há nova previsão de quando eles deixarão o território em guerra.