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‘Quem não chora, não mama’, Lula critica ex-presidente Bolsonaro e discursa para agricultores em Brasília

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou do lançamento do novo Plano Safra, que libera crédito de R$ 71,6 bilhões para agricultura familiar

O presidente Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou os presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) e insistiu no tema da redução das desigualdades no Brasil durante discurso para apoiadores ligados à agricultura familiar. A fala marcou o encerramento da cerimônia de lançamento do Plano Safra 2023-2024 para pequenos produtores, no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta quarta-feira (28). Após o evento, Lula seguiu para uma feira agropecuária instalada na entrada do edifício, onde participou de encontro com a militância.

Na abertura de seu discurso, Lula lembrou a criação do programa de apoio ao agricultor familiar no início de seu primeiro mandato e criticou a paralisação do incentivo ao pequeno produtor nas últimas duas gestões — dos presidentes Temer e Bolsonaro. “Foram longos sete anos em que aqui (no Palácio) ninguém colocava o pé. Esse lugar se tornou um deserto para a maioria da sociedade brasileira. A gente sonhava muito, e de repente aconteceu um terremoto nesse país”, declarou.

“Diferente de outros presidentes, eu não quero que vocês se armem. Eu, na verdade, quero que vocês produzam o máximo que conseguem. A grande arma que temos nesse país é o povo de barriga cheia”, afirmou em tom de crítica às ações do ex-presidente Bolsonaro, que defendia a compra de armas para produtores rurais.

O petista não poupou elogios ao ministro Paulo Teixeira, à frente da pasta de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, e pediu que os pequenos produtores rurais usem o crédito de R$ 71,6 bilhões ofertado pelo governo federal. “Deus queira que vocês sejam tão competentes como achamos, usem todo esse dinheiro e exijam mais do governo brasileiro. Quem não chora, não mama. Quem não chora, não é ouvido”.

Antes de encerrar, Lula retomou o tom da campanha eleitoral do ano passado e insistiu que a prioridade do governo é reduzir as desigualdades sociais. “É o que nós estamos tentando, diminuir a desigualdade entre o pequeno e o grande, entre os que trabalham e aqueles que são donos das empresas”, concluiu.

Investimento de R$ 77,7 bilhões

O presidente Lula lançou nesta manhã a segunda parte do Plano Safra — agora, voltado para a agricultura familiar. Serão R$ 71,6 bilhões para o crédito rural com o intuito de atender os pequenos produtores na próxima safra. Um dos destaques é a redução das taxas de juros, que agora partem de 3%.

O valor do investimento chegará a R$ 77,7 bilhões, se somadas outras ações previstas pelo ministério. Este é o maior valor destinado ao programa na história e corresponde à cifra adiantada pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, durante o lançamento do Plano Safra para o setor, em Brasília, nessa terça-feira (27). Com a divulgação dos novos valores, o investimento total sobe para R$ 441,9 bilhões.

Redução na taxa de juros

A promessa de juros bem menores para médios e grandes agricultores não se cumpriu, e as taxas permaneceram entre 7% e 12,5%. Por outro lado, a queda dos juros para o uso do crédito destinado à agricultura familiar foi mais expressiva. Agora, as taxas partem de 3% — no ano passado, estavam entre 5% e 6%.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.