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Após Google, Telegram compartilha mensagem a usuários contra PL das Fake News

Aplicativo de troca de mensagens tem mais de 40 milhões de usuários e diz que o PL ‘irá acabar com a liberdade de expressão’

Telegram compartilhou mensagem contra PL das Fake News aos usuários da plataforma

O Telegram, aplicativo de troca de mensagens instantâneas com mais de 40 milhões de usuários no Brasil, compartilhou, nesta terça-feira (9), uma mensagem contra o Projeto de Lei 2630, o PL das Fake News, que tramita na Câmara dos Deputados.

As mensagens aparecem no canal do Telegram dentro da própria plataforma diz que o “Brasil está prestes a aprovar uma lei que irá acabar com a liberdade de expressão”. A mensagem ainda diz que esse projeto de lei “dá poderes de censura” ao governo e é uma das legislações “mais perigosas” para os direitos humano fundamentais já consideradas no Brasil.

“Para os direitos humanos fundamentais, esse projeto de lei é uma das legislações mais perigosas já consideradas no Brasil”

O texto compartilhado pela plataforma leva a um link que apontaria para um texto explicativo sobre a posição da empresa. O link, no entanto, não abre.

Veja mais: Relator defende PL das Fake News: protege a liberdade de expressão

A mensagem compartilhada pelo Telegram provocou crítica do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), que, em uma rede social, questionou se a plataforma queria provocar um outro 8 de janeiro.

Telegram e Google contra PL das Fake News

A estratégia do Telegram é semelhante ao do Google que, no início do mês, compartilhou dentro do buscador um link que levava ao blog da companhia também com ataques ao PL 2630, defendido pelo governo federal e criticado pela oposição no Legislativo.

A mensagem do Google foi compartilhada horas antes de o projeto de lei ir a votação no plenário da Câmara dos Deputados. Com a repercussão e a falta de acordo entre os partidos sobre o texto que estava em tramitação, o PL das Fake News foi retirado da pauta.

O Google foi notificado por “publicidade abusiva” pela Secretaria Nacional do Consumidor para para realizar uma ação de “contrapropaganda”, ou seja, comunicar os usuários o interesse comercial da empresa sobre o projeto e sinalizar os conteúdos publicitários publicados pela plataforma. O Google retirou o link de sua página principal após ser ameaçado de pagar uma multa de R$ 1 milhão por hora.

O Ministério Público Federal (MPF) também notificou Google e Meta - empresa que controla o Whatsapp, Instagram e Facebook - sobre o mesmo assunto. Para o órgão, as empresas de tecnologia fazem uma “ofensiva” contra o PL das Fake News, além das práticas normais em um debate público.

Telegram fora do ar

No fim de abril, uma decisão da Justiça Federal em Linhares, no Espírito Santo, determinou a suspensão das atividades do Telegram em todo o país. De acordo com a determinação, a plataforma não forneceu à Polícia Federal todas as informações relacionadas a grupos neonazistas investigados pela corporação. A decisão foi cassada pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região dias depois.

A suspensão foi defendida, na época, até pelo ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB).

“A Polícia Federal pediu e o Poder Judiciário deferiu que uma rede social que não está cumprindo as decisões, no caso o Telegram, tenha uma multa de R$ 1 milhão por dia e suspensão temporária das atividades, exatamente porque há agrupamentos denominados Frentes Antissemitas ou Movimentos Antissemitas atuando nessas redes e nós sabemos que isso está na base da violência contra nossas crianças e nossos adolescentes”, afirmou.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.