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Julgamento no STF pode regular redes sociais; entenda

Ministros vão debater constitucionalidade de alguns artigos do Marco Civil da Internet

STF pode definir regulação de plataformas digitais

Está marcado para a próxima quarta-feira (17) o julgamento do Marco Civil da Internet (MCI) no Supremo Tribunal Federal (STF). O MCI, aprovado em 2014, estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da web. Com duas ações que questionam a constitucionalidade de alguns de seus artigos, pode haver a definição na Justiça de regulações que estão em discussão no legislativo pelo projeto de lei das fake news (PL 2.630/2020).

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Serão debatidos os Recursos Extraordinários 1037396 e 1057258. Um trata da obrigação de plataformas entregarem comunicações entre usuários e o outro é relativo à responsabilização das redes por conteúdos ilícitos publicados por usuários em seus ambientes.

Além da ministra Rosa Weber, presidente do STF, Alexandre Moraes, ministro e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já se posicionou a favor da regulação das redes sociais. Em audiência pública com mais de 60 participantes (especialistas, representantes de empresas e da sociedade civil, ministros e políticos), Moraes criticou a forma como os serviços funcionam.

Ele argumenta que o modelo atual “é ineficiente, destrói reputações, dignidades, faz e fez que houvesse aumento de depressão entre os adolescentes”, bem como foi usado para organizar a ação de vândalos em Brasília em janeiro. “O modelo atual é falido”, pontua. “E não só no Brasil, no mundo todo. Não é possível continuarmos achando que as redes sociais são terra de ninguém, sem responsabilidade alguma.”

O que pode mudar?

O julgamento pode antecipar a regulação das redes sociais ao alterar, por exemplo, a noção de responsabilidade das plataformas em caso de crimes de ódio cometidos online em seus espaços. Pelo MCI, as plataformas só são consideradas responsáveis quando não removem conteúdos ilícitos após decisão judicial.

Os ministros do STF podem decidir que não é necessário acionar a Justiça para solicitar a retirada desse tipo de material. Eles podem ter entendimento parecido com o que o diz o texto atual do PL, segundo o qual as redes devem ser vigilantes com o que circula nos sites.

Para especialistas, o tema é muito importante, já que a morosidade na retirada de conteúdos violentos das plataformas pode permitir que crimes sejam cometidos fora do ambiente digital. “Fizemos uma boa lei no passado, mas a mim me parece que ela já não atende a realidade, sobretudo na leitura de que a retirada de conteúdo depende sempre de decisão judicial”, disse o ministro Gilmar Mendes em entrevista ao programa Roda Viva, na segunda-feira (8).