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Microsoft anuncia corte de 10 mil funcionários

Recessão e queda nas vendas de computadores pessoais após a pandemia estão entre fatores que levaram à decisão

Após muitas contratações no início da pandemia, empresas buscam readequar as contas

Mais uma: a Microsoft informou nesta quarta-feira (18) que vai cortar 10 mil empregos até o fim do terceiro trimestre do ano fiscal de 2023 (entre abril e junho). Um dos motivos é a necessidade dos clientes de “otimizar gastos digitais para fazer mais com menos” e “ter cautela, já que algumas partes do mundo estão em recessão e outras partes já antecipam uma”, diz Satya Nadella, presidente-executivo da companhia, em comunicado oficial.

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Além disso, a empresa está lidando com uma queda no mercado de computadores pessoais — que floresceu nos primeiros anos da pandemia. “Estamos vivendo tempos de mudanças significativas. É importante notar que, embora estejamos eliminando funções em algumas áreas, continuaremos a contratar em áreas estratégicas”, aponta Nadella.

Em julho de 2021, a companhia disse que um pequeno número de funções havia sido eliminado. Já em outubro, o site de notícias Axios apontou que a corporação havia dispensado perto de 1 mil funcionários em várias divisões. O novo corte afeta 5% do total de funcionários, segundo a Microsoft, e alguns devem ser informados da dispensa ainda esta semana.

O anúncio afetou o valor das ações da companhia. Às 13h05 pelo horário de Brasília, títulos negociados na Nasdaq como MSFT valiam US$ 238,21 (um recuo de 0,89%). Na B3, o recibo de ação da empresa (BDR) apresentavam queda de 0,20% e custavam R$ 50,79.

Segundo a empresa, os desligamentos vão ter impacto negativo de US$ 1,2 bilhão nos custos. Isso inclui custos de rescisão e alterações no portfólio da companhia. Nadella afirma que os funcionários da empresa nos EUA devem receber indenizações acima da média do mercado, assistência médica e aviso prévio de pelo menos 60 dias.

Sem surpresa

Daniel Ives, analista de tecnologia da Wedbush Securities, aponta que a ação não surpreende. “Mais cedo ou mais tarde teria de haver cortes em áreas não estratégicas, com um cenário de desaceleração no horizonte”, avalia.

CEOs de tecnologia têm se culpado por interpretar mal como um aumento na demanda por seus produtos seria reduzido quando as restrições da covid-19 diminuíssem e por contratações excessivas no início da pandemia. Os desligamentos de pessoal no setor de tecnologia aumentaram em um ritmo impressionante.

Um relatório recente da empresa de recolocação Challenger, Gray & Christmas aponta que essas dispensas aumentaram 649% em 2022 em comparação com o ano anterior. Os cortes de empregos na economia em geral tiveram aumento de 13% no período.

Nos últimos 12 meses, as “big techs” — Apple, Microsoft, Meta (responsável por Facebook, Instagram e WhatsApp), Alphabet (dona do Google) e Amazon — perderam juntas quase US$ 4 trilhões em valor de mercado. Nesse cenário, já há alguns meses, elas têm dispensado milhares de trabalhadores.

Em novembro, por exemplo, a Meta anunciou o corte de 11 mil funcionários. Na mesma época, o Twitter, então recém-comprado por Elon Musk dispensou cerca de metade da equipe em todo o mundo. Já a Amazon vai desligar 18 mil trabalhadores, que começam a receber o comunicado nesta quarta-feira.