Serviços crescem mais do que o esperado em setembro, mas mercado vê perda de dinamismo

Setor teve um avanço de 0,6% segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com destaque para os transportes

Crescimento no volume de serviços em setembro foi sustentado pelo setor de transportes

O volume de serviços no Brasil teve um crescimento de 0,6% em setembro em relação a agosto, melhor do que a projeção de 0,4% medida pelo mercado financeiro e divulgada pelo Broadcast+. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelando o oitavo mês seguido de alta do setor.

A pesquisa também mostra um crescimento de 4,1% frente a setembro de 2024 no setor, que já acumula um avanço de 2,8% no ano, e 3,1% nos últimos 12 meses. Ao todo, três das cinco atividades pesquisadas tiveram crescimento na passagem de mês, com destaque para um avanço de 1,2% em transportes, e 1,2% em informação e comunicação.

Segundo o economista sênior do Inter, André Valério, o primeiro segmento foi impulsionado pela atividade turística, enquanto o segundo foi puxado pelo audiovisual. Apesar do bom resultado, o economista destaca uma perda de dinamismo nos serviços, com sinais de restrição da política monetária com juros em patamares elevados (15% ao ano).

“Pelo lado da demanda, vemos as famílias mais restritas, com os serviços de alojamento e alimentação mantendo tendência de desaceleração no acumulado em 12 meses, o que também se observa nos serviços técnicos-profissionais, esses mais sensíveis às condições de crédito”, explicou.

No 3º trimestre, o setor de serviços avançou 0,9% de acordo com a pesquisa do IBGE, abaixo dos 1,2% observados no 2º trimestre de 2025, e abaixo dos 1,1% do mesmo período de 2024. “O setor deverá ter uma contribuição menor para o PIB do 3º trimestre, que estimamos que apresentará um recuo de 0,2% frente ao 2º trimestre desse ano”, completou Valério.

Setor segue resiliente

Segundo relatório da Genial Investimentos, os dados do setor de serviços seguem corroborando para uma percepção de um setor resiliente, operando em terreno positivo mesmo que em um ritmo mais moderado. Na avaliação, o segmento deve sustentar o processo gradual de arrefecimento da economia.

“Em nossa avaliação, o resultado de setembro reforça a visão de que o processo de desaceleração da economia brasileira deve se dar de forma gradual ao longo dos próximos meses. Mesmo diante de um ambiente macroeconômico adverso, a atividade segue sustentada por um mercado de trabalho aquecido e pelas recentes medidas de estímulo à demanda. Nesse contexto, o dado de hoje está em linha com a nossa projeção de crescimento do PIB no terceiro trimestre, de 0,3% na comparação com o trimestre anterior”, disse.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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