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Prévia da inflação sobe em setembro com aumento da energia elétrica

Aumento de 12,17% no preço médio da energia elétrica residencial impulsionou o aumento do IPCA-15 de setembro

Fim do bônus de Itaipu, somado a bandeira vermelha 2, elevou o preço da energia elétrica

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,48% em setembro, puxado pela alta do preço da energia elétrica. Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quinta-feira (25), mostram o acumulado de 12 meses da inflação em 5,32%.

Dentre os grupos de preços apurados, a habitação teve a maior alta da medição, chegando em 3,31% em setembro, um impacto de 0,50 ponto percentual na inflação. Dentro do item, o maior impacto individual no índice do mês veio da energia elétrica residencial (0,47 p.p), que subiu com o fim do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas de agosto.

Cabe lembrar que, em agosto, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) passou a bandeira tarifária para o patamar vermelho 2, adicionando R$ 7,87 para cada 100 quilowatts-hora (kWh). Segundo a entidade, o maior uso de energia das usinas termelétricas é necessário por causa da falta de chuvas nos reservatórios hidrelétricos.

Apesar da alta na prévia da inflação, o índice veio abaixo do esperado pelo mercado, que estimava um aumento de 0,52%. “Como esperado, a principal pressão de alta foi do grupo de Habitação, que registrou alta de 3,31% após deflação de 1,13% em agosto. O motivo foi a devolução do bônus Itaipu, que deu descontos na conta de energia elétrica em agosto”, destacou André Valério, economista-sênior do banco Inter.

A energia elétrica havia tido uma queda de 4,93% em agosto, mas voltou a subir em 12,17% neste mês com o fim do bônus. Outro fator de destaque para os economistas foi as altas de 0,97% em vestuário, e de 0,36% em saúde e cuidados pessoais.

Alimentos tiveram deflação

Um destaque positivo da prévia da inflação foi a queda no grupo Alimentação e Bebidas, evidenciando que os alimentos estão ficando mais baratos para os consumidores. Em setembro, o índice caiu em -0,35%, ante uma queda de -0,53% em agosto. No trimestre, os alimentos já tiveram uma deflação de -0,94%.

Esse resultado é impulsionado pela queda de 17,49% no preço do tomate, seguido pela cebola, que teve queda de 8,65%, arroz (-2,91%), e café moído (-1,81%). Porém, a queda não foi maior em parte pela alta nas frutas, que subiram, em média, 1,03%.

De acordo com André Valério, apesar do resultado agregado ter sido o maior nos últimos seis meses, o qualitativo indica uma melhora no processo inflacionário. Segundo ele, a política monetária restritiva, com taxa básica de juros em 15% ao ano, deve ser sentida com mais intensidade nas próximas leituras.

“O resultado de setembro indica que a dinâmica inflacionária caminha para ser mais benigna, com diversas surpresas de baixa inflacionária nos últimos meses. Esperamos que essa tendência permaneça, com a apreciação do real contribuindo para manter a inflação de bens acomodada”, disse.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.