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Além da postura: como a ergonomia cognitiva otimiza o desempenho mental

A ergonomia cognitiva, ou ‘psicologia da engenharia’, foca nos processos mentais, como memória e raciocínio. Ela se torna crucial no cenário brasileiro onde afastamentos por saúde mental cresceram 134% em dois anos.

A aplicação da ergonomia cognitiva visa reduzir erros e otimizar a eficiência mental

A ergonomia é a disciplina científica focada no entendimento das interações entre humanos e outros elementos de um sistema. Conforme a Associação Internacional de Ergonomia (IEA), ela aplica teorias e dados para otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral.

Embora frequentemente associada apenas à ergonomia física, como a postura, a área cognitiva tornou-se essencial para o trabalho moderno. O foco nessa vertente ganhou urgência diante do aumento de problemas de saúde mental relacionados ao ambiente corporativo.

Ergonomia cognitiva e saúde mental

Dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho e da Iniciativa SmartLab de Trabalho Decente no Brasil, baseados nos registros do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), indicam que os afastamentos do trabalho por problemas de saúde mental tiveram um aumento de 134% no país, passando de 201 mil em 2022 para 472 mil em 2024.

Entre os casos, destacam-se afastamentos acidentários por reações ao estresse (28,6%), ansiedade (27,4%), episódios depressivos (25,1%) e depressão recorrente (8.46%). Quanto aos afastamentos em geral, destacam-se como predominantes os episódios depressivos (25,6%), a ansiedade (20,9%) e a depressão recorrente (12,0%).

Esse cenário acende um alerta para a necessidade de cuidados com a ergonomia cognitiva, que trata de amenizar fatores como o estresse e a carga mental excessiva, principais gatilhos para o esgotamento profissional (burnout) e outros transtornos.

Por vezes chamada de “psicologia da engenharia”, a ergonomia cognitiva foca nos processos mentais. Ela analisa como percepção, memória, raciocínio e resposta motora afetam as interações entre pessoas e sistemas. O objetivo é entender como o cérebro processa informações durante o trabalho, buscando otimizar essa relação.

Tópicos relevantes

A IEA destaca que a disciplina abrange diversos temas que impactam o design de sistemas e o ambiente corporativo. Veja os principais:

  • Carga mental de trabalho;
  • Processo de tomada de decisão;
  • Desempenho qualificado;
  • Interação humano-computador;
  • Confiabilidade humana;
  • Estresse no trabalho;
  • Programas de treinamento.
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Como aplicar na indústria

Na prática, a aplicação da ergonomia cognitiva visa reduzir erros e otimizar a eficiência mental. Isso é fundamental para prevenir o esgotamento e outros transtornos que levam aos afastamentos. Ações incluem o design de interfaces de software mais intuitivas, que reduzem a necessidade de memorização.

A otimização também se aplica à organização de painéis de controle em indústrias, garantindo que os alertas sejam claros e a tomada de decisão seja rápida. Outro ponto crucial é a gestão da carga mental, diretamente ligada ao estresse. Ambientes que exigem multitarefa excessiva ou que apresentam muitas interrupções elevam o risco de transtornos mentais.

A ergonomia cognitiva busca desenhar fluxos de trabalho que respeitem os limites cognitivos, atuando preventivamente para melhorar a saúde e a segurança do trabalhador.

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Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.