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Brasil deve receber US$ 18,45 bilhões de investimentos em minerais críticos até 2029

Estimativa do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) se relaciona com o crescimento da importância geopolítica das terras raras

Ibram prevê investimentos totais na ordem de US$ 68,4 bilhões no próximo ciclo

O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) estima que o setor mineral receba investimentos na ordem de US$ 18,45 bilhões na exploração de minerais críticos até 2029. A entidade apresentou nesta terça-feira (21) o balanço do terceiro semestre, onde mostrou que a estimativa de investimentos totais em projetos do setor é de US$ 68,4 bilhões para o próximo ciclo.

Segundo o presidente do Ibram, Raul Jungmann, esse montante previsto para a extração de minerais críticos ainda pode crescer. Para ele, o fundamental é que esses recursos tragam valor agregado para a cadeia de minerais, em especial na discussão de terras raras.

“É importante que a gente não fique apenas nas extrações, mas a questão são as etapas seguintes. É preciso ter refino, o Brasil tem ambição de conseguir o controle dessas etapas, e por isso temos a perspectiva e não podemos abrir mão de agregar valor”, disse.

O tema deve ser envolvido nas negociações entre Brasil e Estados Unidos envolvendo o tarifaço. O país possui a segunda maior reserva de terras raras no mundo, atrás apenas da China.

Como o presidente Donald Trump reclama do monopólio de Pequim na exportação das rochas, inclusive ameaçando aumentar em 100% a taxação dos produtos chineses, a expectativa é que o governo brasileiro coloque o assunto na mesa.

Nesse caso, as terras raras são vistas como um ativo geopolítico do Brasil, segundo avaliação do vice-presidente do Ibram, Fernando Azevedo. “ Terras raras são importantes, e estão encaixadas dentro dos minerais críticos e estratégicos. Quanto mais a tecnologia avança, mais se utilizam esses minerais”, ressaltou.

Balanço do setor no 3º Trimestre

Segundo o Ibram, a mineração teve um faturamento de R$ 76,2 bilhões, um aumento de 34% em relação ao terceiro trimestre de 2024 (R$ 56,7 bilhões). Minas Gerais liderou o setor com uma participação de 39% nesse faturamento, cerca de R$ 29,7 bilhões, seguido por Pará e Bahia com 35% e 4% respectivamente.

Segundo o diretor de Assuntos Minerários, Julio Nery, o faturamento do estado foi puxado pela alta na produção de minério de ferro, que cresceu em 27% e respondeu pela metade do faturamento total do setor - R$ 39,8 bilhões. “Foi um período muito favorável para a produção, que é um período de seca. Isso favorece bastante as minas a céu aberto”, explicou.

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O setor também exportou cerca de 121 milhões de toneladas, aumento de 6,2% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando cerca de US$ 12,2 bilhões. Novamente, o setor foi puxado pelo minério de ferro, responsável por 65% das embarcações.

O saldo da balança comercial mineral foi de US$ 9,64 bilhões, equivalente a 62% do saldo da balança comercial brasileira de US$ 15,67 bilhões.

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.