As terras raras são um grupo de 17 minerais encontrados em vários lugares do mundo, mas a maioria deles está na China e no Brasil, sendo que o território brasileiro tem a segunda maior reserva de terras raras do mundo, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME). Isso representa 25% do território existente.
Em meio ao impasse das tarifas impostas por Trump, o governo foi informado de que os Estados Unidos querem acesso a esses minerais.
Quais são esses elementos?
Os elementos das terras raras são:
- lantânio (La)
- cério (Ce)
- praseodímio (Pr)
- neodímio (Nd)
- promécio (Pm)
- samário (Sm)
- európio (Eu)
- gadolínio (Gd)
- térbio (Tb)
- disprósio (Dy)
- hólmio (Ho)
- érbio (Er)
- túlio (Tm)
- itérbio (Yb)
- lutécio (Lu)
- escândio (Sc)
- ítrio (Y)
O que são as terras raras?
As terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos essenciais para o funcionamento de diversos produtos modernos — de smartphones e televisores a câmeras digitais e LEDs. Apesar de usados em pequenas quantidades, eles são insubstituíveis.
O uso mais importante dessas substâncias está na fabricação de ímãs permanentes. Potentes e duráveis, esses ímãs mantêm as propriedades magnéticas por décadas. Com eles, é possível produzir peças menores e mais leves, algo essencial por exemplo, para tecnologias, turbinas eólicas e veículos elétricos.
Esses elementos também são fundamentais para a indústria de defesa. Estão presentes em aviões de caça, submarinos e equipamentos com telêmetro a laser. Justamente por essa relevância estratégica, o valor comercial é elevado.
O quilo de neodímio e praseodímio — os mais usados na produção de ímãs — custa cerca de 55 euros (R$ 353). Já o de térbio pode ultrapassar 850 euros (R$ 5.460). Para comparação, o minério de ferro custa cerca de R$ 0,60 o quilo.
Praticamente todas as grandes inovações da atualidade dependem de minerais críticos. É justamente por isso que as maiores potências do mundo têm se movido para garantir acesso.
Por que são chamadas de raras?
Apesar do nome, as terras raras não são exatamente raras. Estão espalhadas por todo o mundo, mas em concentrações muito pequenas. O desafio é encontrar depósitos onde a extração seja economicamente viável.
Hoje, 70% da produção global vem da China, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). A principal mina é Bayan Obo, no norte do país. Ela reúne enormes quantidades de todos os elementos usados em ímãs permanentes e supera em larga escala depósitos como Monte Weld, na Austrália, e Kvanefjeld, na Groenlândia.
China
A maior concentração desses territórios está na China, o que faz do país um monopólio. Esse cenário tem preocupado Trump.
E a China não detém só o território, mas também o refino. Depois de extraídos, os elementos passam por processos complexos de separação e refino até se tornarem utilizáveis. Essa etapa também é dominada pelo país, que lidera a produção mundial de ímãs.
O controle é ainda maior em relação a certos elementos. Os mais leves — com exceção de neodímio e praseodímio — são mais abundantes e fáceis de extrair. Por exemplo: a União Europeia importa de 80% a 100% desse grupo da China. Para os elementos mais pesados, a dependência chega a 100%.
O domínio chinês acendeu alertas no Ocidente. Nos últimos anos, EUA e UE começaram a formar reservas estratégicas de terras raras e outros materiais críticos.
Onde elas estão no Brasil?
O país possui vastas reservas de recursos considerados cruciais para o futuro da economia global — entre eles, o nióbio, o lítio, o grafite, o cobre, o cobalto, o urânio e os chamados elementos terras raras. Esses minerais estão no centro das transformações tecnológicas e energéticas do século 21.
O país ainda tem outro trunfo: além das grandes reservas naturais, o país tem vantagens comparativas importantes, como matriz energética limpa, território estável, tradição mineradora e conhecimento técnico.
Locais no Brasil
Estudos apontaram indícios de reserva estratégica de minerais na Bacia do Parnaíba, que abrange áreas dos estados do Maranhão, Piauí e Ceará.
Além disso, o Brasil reivindica uma ilha submersa do tamanho da Espanha, localizada a cerca de 1.200 km da costa do Rio Grande do Sul. Trata-se da Elevação do Rio Grande (ERG), uma formação geológica que o país quer reconhecer como parte do seu território junto à Organização das Nações Unidas (ONU).
Análises geológicas indicam que essa formação submersa é uma continuação natural do território continental brasileiro. Pesquisas da USP mostram que o solo da região é geologicamente semelhante ao do interior de São Paulo. Além disso, a área é rica em minerais estratégicos, como as chamadas “terras raras”, essenciais para a transição energética e a indústria de alta tecnologia.
Há também Minaçu, em Goiás, que tem depósito de terras raras em argila iônica. A região é a única a produzir minerais estratégicos em escala comercial fora da Ásia. Além de registros no Amazonas, Minas Gerais e Bahia.