As terras brasileiras dão acesso a um patrimônio estratégico para o futuro da energia limpa mundial. Segundo o relatório Fundamentos para Políticas Públicas em Minerais Críticos e Estratégicos para o Brasil, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) em parceria com o Centro de Tecnologia Mineral (CETEM/MCTI), o país ocupa posição de destaque nas reservas mundiais de minerais essenciais para a transição energética, como lítio, níquel, cobalto, grafita e, em especial, as terras raras.
De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), o Brasil detém a 2ª maior reserva mundial de terras raras, ficando atrás apenas da China. Isso significa que o país detém 23% do total global, o equivalente a 21 milhões de toneladas. Os depósitos dessas substâncias estão concentrados no Pará, Goiás, Minas Gerais e Bahia, além de áreas ainda pouco exploradas.
A importância desses minerais vai muito além da mineração. As terras raras são fundamentais para a fabricação de turbinas eólicas, painéis solares, baterias de veículos elétricos e até equipamentos de alta tecnologia. Há uma grande corrida global por minerais estratégicos, e a demanda deve crescer nas próximas décadas, especialmente em razão dos compromissos internacionais de descarbonização até 2050. Além disso, há a projeção de US$ 68,4 bilhões em investimentos até 2029 para a exploração de minerais críticos.
O Brasil também é o 2º maior em reservas de grafita, ocupa a 7ª posição em lítio e detém grandes volumes de cobre, níquel e cobalto. Apesar do potencial, o país ainda enfrenta desafios para avançar na agregação de valor. O IBRAM destaca a necessidade de investir em etapas como processamento, refino e industrialização, para que minerais críticos e estratégicos, entre eles as terras raras, deixem de ser apenas commodities e passem a integrar cadeias de valor ligadas à transição energética.
Segundo o documento do IBRAM, a transformação desse cenário depende de políticas públicas consistentes. Entre as propostas estão a criação de incentivos para pesquisa geológica, investimentos em processamento dentro do território nacional e estratégias de industrialização capazes de ampliar a competitividade. Ainda de acordo com o Instituto, esse caminho é uma maneira do país se consolidar e se desenvolver em relação às tecnologias verdes.