Ouvindo...

Um olhar sobre a série ‘Adolescência': construindo pontes ao invés de muros

Leia na coluna de Ingrid Haas

Sou mãe de adolescente e nunca ouvi tanto falar desse tema como agora.

A adolescência é um turbilhão de emoções. Época da vida em que os hormônios estão à flor da pele. Nós já passamos por isso e sabemos que essa fase traz uma intensa necessidade de pertencimento, busca por identidade, momentos de isolamento, mas também energia transbordante, frustrações, ansiedade, impulsividade e imediatismo.

Em segundos, tudo pode mudar: o melhor dia pode se transformar no pior por causa de uma mensagem no WhatsApp, uma curtida que não veio, um olhar atravessado.

E como lidar com tantas emoções se ainda não sabemos nomeá-las?

Compreender o que acontece com nosso corpo e nossa mente é essencial. E, como pais, precisamos entender que nossos filhos ainda não têm o cérebro completamente desenvolvido, o que torna naturais algumas atitudes impensadas e impulsivas — muitas vezes com consequências inesperadas.

Leia também

Série ‘Adolescência’

A série Adolescência expõe essas dores. Para nós, pais, essa jornada pode ser ainda mais desafiadora. Saber que vamos errar, que mesmo dando nosso melhor podemos sentir culpa, é angustiante. E nos perguntamos o tempo todo: “Será que eu poderia ter feito diferente?”

Vivemos em uma sociedade carente de conexão verdadeira. As pessoas estão cada vez mais hiperconectadas, ansiosas, impacientes, cansadas e emocionalmente exaustas. E isso reflete nos nossos jovens.

E como cuidar do outro se não consigo olhar para mim mesmo? Minhas próprias emoções e como estou conseguindo lidar com essa fase do meu filho?

Leia também:

A série mostra-os imersos na solidão, na pressão dos padrões irreais das redes sociais. Uma cena importante é a do investigador, que também é pai, quando percebe que não consegue decifrar as mensagens postadas pelos colegas do filho, identifica que está ausente e tenta se aproximar, passando a tarde juntos.

A linguagem dos adolescentes muda rapidamente influenciada por trends de redes sociais, fóruns anônimos, memes.

É preciso acompanhar, aprender e evoluir, mas também praticar a autocompaixão. Esse processo de crescimento pode ser desafiador. Vamos errar, mas podemos nos abraçar e recalcular a rota.

Conversar, acolher, estar por perto. Saber o momento de corrigir, de conversar, de escutar.

Não é sobre aconselhar, mas se fazer presente. Ser escuta, ser presença, ser apoio, refúgio. Para que encontrem em nós segurança para lidar com os desafios emocionais.

Talvez, assim, possamos construir uma maternidade e paternidade mais acolhedoras.

Braços que protegem, mas que também impulsionam ao voo. Nem permissivos, nem autoritários, mas presentes. Oferecendo liberdade com limites claros.

Porque não basta estar perto, é preciso estar atento.

Não basta proteger, é preciso preparar.

Não basta amar, é preciso frustrar.

Se quisermos construir pontes em vez de muros, precisamos mudar a forma como nos comunicamos.

E você, como tem se conectado com seus filhos?

Está conseguindo construir pontes?

Vamos continuar essa conversa no meu Instagram ou Linkedin? Me chame por lá.

Sou Ingrid Haas, Palestrante, Escritora e PhD em Direito. Professora na USP, autora de diversos livros. Facilitadora de Comunicação Integrativa e Não Violenta, Diversidade, Inclusão e Gestão de Conflitos.

Ajudo empresas, equipes e pessoas a enfrentar os desafios de comunicação em ambientes diversos e multiculturais. Sou Formada em Letras e Direito, com Mestrado e Doutorado em Direito.
Leia mais